'Tribo do malte' busca prática de lazer libertador
Tese da EEFFTO analisa fabricação caseira de cerveja como fenômeno social
Alinhada à tendência internacional de estímulo ao consumo de slow food (que se contrapõe ao conceito de fast food), a produção de cervejas artesanais no Brasil começou nos anos 1990 e foi vigorosamente expandida ao longo da última década. “Minas Gerais encampou esse movimento, e Belo Horizonte, com mais de 40 microcervejarias registradas, é considerada a ‘Bélgica brasileira’”, lembra o professor Alessandro Rodrigo Pedroso Tomasi, da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional (EEFFTO) da UFMG.
A consolidação da fabricação caseira como prática de lazer, de acordo com o professor, desperta muitos interesses. “Os produtores artesanais configuram um grupo social com características pessoais e hábitos parecidos, a exemplo dos skatistas, surfistas e outras tribos”, compara.
Alessandro Tomasi defendeu, no Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Estudos do Lazer da EEFFTO, a tese Da panela ao copo: a produção de cerveja caseira como prática de lazer. O pesquisador acompanhou oito processos de fabricação e entrevistou os cervejeiros. De acordo com ele, a produção “na cozinha de casa” é um artifício de enfrentamento da cultura da comida industrializada e outras reverberações do mundo moderno. “Trata-se de tentativa de retomar uma vida mais tranquila, em que se sabe o que se consome. Por conta disso, é um lazer libertador”, comenta.
O assunto foi abordado em matéria publicada na edição 2.051 do Boletim UFMG.