Pesquisa e Inovação

'UFMG sem gripe' monitora circulação de infecções na comunidade universitária

Laboratório da Faculdade de Farmácia testa pessoas com sintomas; projeto se desdobra em pesquisas sobre medicamentos

Equipe do Linbio, da Faculdade de Farmácia, um dos laboratórios do Coolabs Covid-19
Equipe do Linbio, da Faculdade de Farmácia, durante a pandemia: laboratório realiza testagem de pessoas da comunidade com sintomas gripais Foto: acervo do laboratório

Às segundas e quartas-feiras, das 8h às 11h, estudantes, professores e servidores técnico-administrativos com sintomas gripais, geralmente associados a influenza, gripe ou covid-19, podem se testar para essas infecções no Laboratório Institucional de Pesquisa em Biomarcadores (Linbio), da Faculdade de Farmácia, no campus Pampulha. Os testes podem ser feitos por pessoas de 18 a 50 anos. Caso os resultados sejam positivos, elas receberão informações sobre os melhores procedimentos a ser tomados ou encaminhadas para atendimento no Posto de Saúde Jardim Montanhês, na região Noroeste de Belo Horizonte, onde atua a equipe de saúde do CT Terapias Avançadas e Inovadoras.

A ação integra o projeto UFMG sem gripe, coordenado pelos professores Mauro Martins Teixeira, do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), e Adla Martins Teixeira, da Faculdade de Educação (FaE). A professora Adla, responsável pelas ações de engajamento comunitário e produção de materiais didáticos no âmbito do CT Terapias Avançadas e Inovadoras da UFMG, conta que o projeto está inserido em esforço mais amplo de pesquisa e intervenção em saúde pública que, há quase uma década, atua em comunidades e escolas de Belo Horizonte com foco na prevenção de arboviroses e síndromes gripais. 

Adla
Adla: letramento para diminuir circulação de vírus gripaisFoto: arquivo pessoal

A professora conta que um dos pilares do UFMG sem gripe é o letramento da comunidade acadêmica sobre as doenças gripais: “A gripe é banalizada, mas uma pessoa gripada pode passar o vírus para idosos, crianças, grávidas ou outros de saúde mais frágil, que podem sofrer complicações. Daí a importância de mostrar às pessoas da comunidade universitária, principalmente os mais jovens, que eles precisam se cuidar quando apresentam sintomas gripais." 

Adla Martins acrescenta que, aos primeiros sintomas gripais, estudantes, professores, servidores técnico-administrativos e demais membros da comunidade universitária devem, em até 48 horas, se dirigir à Faculdade de Farmácia, onde poderão realizar os testes que detectam os principais vírus que circulam nesta época do ano. O resultado dos testes sai em 10 minutos. A professora destaca que o letramento sobre a gripe está relacionado à responsabilidade com o outro, uma vez que vivemos em comunidade. 

“Precisamos mudar nossa percepção depois do que passamos com a pandemia da covid-19, ou seja, é necessária a responsabilidade com o outro. O estudante precisa entender que deve buscar ajuda em 48 horas, e, depois que fizer o teste, ele ainda vai se informar sobre o que fazer para proteger o outro, como usar máscara ou se ausentar das aulas por um tempo. Assim, ele não põe em risco pessoas mais vulneráveis", recomenda a professora. 

Desdobramento na pesquisa
Além das ações de extensão que visam à divulgação dos cuidados para as síndromes gripais, o projeto conta com ações de pesquisa. O professor e coordenador do CT Terapias Avançadas e Inovadoras, Mauro Teixeira, explica que há três estudos diretamente associados ao UFMG sem gripe: dois deles visam ao desenvolvimento de novos medicamentos para vírus, e outro busca identificar os tipos de vírus respiratórios que circulam na cidade.

Folder da campanha do UFMG sem gripe
Folder da campanha do 'UFMG sem gripe'Foto: divulgação | UFMG

“É importante alcançar as pessoas que apresentam sintomas respiratórios como coriza, nariz entupido, tosse, febre, gotejamento nasal ou dor de cabeça. Nossa ideia é fazer um estudo do ponto de vista de novos medicamentos para doenças respiratórias virais e educar a comunidade universitária para essa questão”, diz Mauro Teixeira.

O projeto vai promover também campanha de divulgação por meio de panfletos, fôlderes e outras ações, processo semelhante ao que se deu com o projeto Evita dengue, de 2020. “A UFMG está preocupada com a saúde da comunidade acadêmica e da cidade porque os alunos podem levar as doenças respiratórias para seus avós e pais. O retorno social tem a ver com a nossa responsabilidade de realizar o letramento em saúde dos nossos alunos para melhorarmos a qualidade de vida da comunidade”, conclui Adla. 

Na UFMG, também participam do projeto os professores Renato Santana de Aguiar, do ICB, e Adriano de Paula Sabino, da Faculdade de Farmácia. O UFMG sem gripe tem apoio da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) e é financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), pelo Conselho de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pela Universidade de Oxford, pelo MORU Tropical Health, instituição tailandesa, pelo Welcome Trust e pelo Instituto Todos pela Saúde.

Luana Macieira