Arte e Cultura

Livro reúne poemas e fragmentos de cartas e diários da escritora russa Marina Tsvetaeva

‘Textos exilados’ é fruto da pesquisa de pós-doutorado da tradutora e servidora pública Ana Alvarenga

Obra é organizada em torno dos significantes ‘vazio’, ‘exílio’, ‘estrangeiro’, ‘partida’, ‘natureza’, ‘amor’ e ‘morte’
Obra é organizada em torno dos significantes ‘vazio’, ‘exílio’, ‘estrangeiro’, ‘partida’, ‘natureza’, ‘amor’ e ‘morte’ Editora Cas'a Edições

Considerada uma das escritoras mais importantes da Era de Prata da literatura russa, Marina Tsvetaeva foi uma poeta e tradutora, nascida no final do século 18, na cidade de Moscou. Tornou-se conhecida e admirada pelas poesias concisas e ásperas, mas ao mesmo tempo, sensíveis e passionais, marcadas por metáforas intrincadas e, sobretudo, pelo talento incomum para manobrar a língua russa. Produziu uma extensa obra literária composta por prosas, peças teatrais, composições musicais, cartas, diários e seus famosos poemas. Essas últimas três expressões da obra da escritora compõem o novo livro Marina Tsvetaeva: Textos exilados, organizado pela tradutora e servidora pública Ana Alvarenga. 

Na publicação, ela reúne e traduz fragmentos de cartas, diários e poesias da autora russa, escritos ao longo de toda a vida. Esses trechos foram selecionados a partir de sete significantes principais, que marcam a obra da escritora, sendo estes: amor, vazio, exílio, estrangeiro, partida, natureza e morte. A obra é fruto do projeto de pós-doutorado de Alvarenga, na linha de pesquisa Poéticas da Tradução, realizado na UFMG, entre os anos de 2018 e 2019. Para saber mais sobre o livro Marina Tsvetaeva: Textos exilados, o programa Universo Literário desta terça-feira, 14, recebeu sua organizadora, a tradutora e servidora pública Ana Alvarenga.

A convidada compartilhou a maneira como foi tocada pela escritora russa e como esse encontro se cruzou com seu próprio processo de organização e tradução da obra, cuja identificação foi imediata e passou, como sempre, pela música. Descrevendo o estilo literário de Tsvetaeva, a tradutora pontuou também os aspectos que mais a sensibilizaram em seu trabalho. “Ela faz uma coisa que é uma perpétua, contínua e orgânica transcrição da sua própria vida. Ela contava aquilo que acontecia no dia-a-dia. Enquanto ela estava acordada, vendo a vida e sentindo a vida, ela escrevia. E ela escrevia da forma mais simples possível. Mas o simples, no caso dela, não era sinônimo de banalidade, não era sinônimo de algo fraco e frágil, era de uma grandeza absoluta”, refletiu Alvarenga.

Sobre a atualidade de Marina Tsvetaeva, a tradutora destacou sua capacidade de ecoar e refletir por onde passa, a maneira como fala das coisas simples e, ao mesmo tempo, acolhe o todo. Neste momento de pandemia, os escritos da autora russa permitem compreender a impossibilidade de viver sem lidar com a dor, o amor e o vazio, bem como observar a relação entre a humanidade e a natureza. “Ela fala de coisas muito simples, é isso. Mas é essa simplicidade que engloba tudo, inclusive conseguir viver. Ela já nasceu atual, eu acho que o mundo é que tem que se voltar pra obra dela para se atualizar”, comentou Alvarenga.

Ouça a entrevista completa no Soundcloud.

Marina Tsvetaeva: Textos exilados, com tradução e organização de Ana Alvarenga, é uma publicação da Cas'a Edições e está disponível para compra no site da editora.

Produção: Alexandre Miranda e Nicolle Teixeira, sob orientação de Alessandra Dantas e Luiza Glória
Publicação: Enaile Almeida, sob orientação de Alessandra Dantas