Extensão

Universidade discute internacionalização de atividades extensionistas; estratégias serão reunidas em documento

Em cerimônia na manhã desta quinta-feira, 14, que abriu o evento Seminários de internacionalização na UFMG: extensão em pauta, o reitor Jaime Ramírez reconheceu a necessidade de traçar estratégias de internacionalização que envolvam projetos e ações de extensão universitária. O segundo evento da série é organizado pela Pró-reitoria de Extensão (Proex) e pela Diretoria de Relações Internacionais (DRI). O primeiro, realizado em abril do ano passado, contemplou a área de pós-graduação.

“Embora a UFMG seja uma das universidades pioneiras no Brasil em relação à internacionalização, as ações mais consolidadas são na área de intercâmbio de alunos e professores e envolvem mais as áreas de pós-graduação e pesquisa. Precisamos valorizar e reconhecer o papel da extensão nesse processo”, destacou o reitor.

Jaime Ramírez afirmou ainda que “a extensão não tem sentido se não coexistir com o ensino e a pesquisa” e lembrou que o seminário é uma oportunidade para compartilhar dúvidas e aprender com as experiências de instituições que avançaram mais na internacionalização de ações extensionistas.

Na mesma linha, a vice-reitora Sandra Goulart Almeida [foto ao lado] destacou que “embora não estejam sempre colocadas juntas, internacionalização e extensão são atividades complementares”.

O diretor de Relações Internacionais da UFMG, professor Fábio Alves [foto abaixo], explicou o objetivo dos seminários, que é “ouvir a comunidade universitária e, por meio de suas vozes, pautar ações de internacionalização para a Universidade”.

“No ano passado, com o tema pós-graduação, foi elaborado documento com propostas para a internacionalização dos programas da UFMG. Ao fim das discussões de hoje, também será elaborado documento no mesmo formato com as estratégias da Universidade para a extensão”, destacou.

A pró-reitora de Extensão, Benigna Maria de Oliveira, afirmou que, “nesse momento político conturbado vivido pelo Brasil, pautas caras à extensão universitária, como os valores democráticos, têm sido postas em jogo”. Segundo ela, é hora de incluir nas discussões a atuação das universidades para formar cidadãos críticos e comprometidos com a transformação social.

“É um desafio discutir a sistematização de ações para a internacionalização da extensão da UFMG. Acreditamos que a relação transformadora entre Universidade e sociedade é o elemento que a extensão acrescenta ao movimento cada vez mais crescente de internacionalização de nossa instituição”, defendeu a pró-reitora.

Conceitos e experiências

Após a abertura, a professora Miriam Jorge, diretora adjunta de Relações Internacionais da UFMG, mediou mesa-redonda que debateu conceitos e experiências de extensão. Com o tema Internacionalização da extensão: conceitos e experiências, quatro professores debateram as interfaces possíveis entre internacionalização e extensão.

Gustavo Menendez, secretário de extensão da Universidade Nacional do Litoral (Argentina), destacou a “riqueza conceitual e multidimensional da extensão”, formada por cinco dimensões: acadêmica-institucional, social-transformadora, comunicativa-dialógica, pedagógica e política. O pró-reitor adjunto de Extensão e Cultura da Universidade Federal do ABC, Adalberto Mantovani Martiniano de Azevedo, lembrou que “as ações de extensão não estão tão integradas ao movimento de internacionalização”. Segundo ele, é preciso que essa integração seja construída pelos “protagonistas da extensão universitária”.

África
Coordenador do Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico (Nupad), da Faculdade de Medicina da UFMG, o professor José Nélio Januário compartilhou experiências de ações e projetos de extensão desenvolvidos pelo órgão em parceria com diferentes países. “A ação que envolve saúde pública possibilita uma relação mais profícua com a sociedade e, dessa forma, a observação de resultados transformadores na realidade das pessoas”, afirmou o professor.

Desde 2008, o Nupad tem trabalhado com países africanos – como Senegal, Benin e Gana – no treinamento de profissionais para diagnóstico e tratamento da doença falciforme, cuja incidência é maior em pessoas negras. Em Gana, país onde uma em cada 50 pessoas é afetada pela doença, o Nupad colaborou também na elaboração de projeto de um centro de tratamento no qual o governo daquele país já investiu 4,5 milhões de dólares.

Circulação de saberes

No encerramento da mesa, a diretora de Divulgação Científica da Proex, Silvania do Nascimento, falou sobre a internacionalização da educação. “O mundo experimenta um movimento mais forte de internacionalização do ensino superior. Nesse contexto, a internacionalização da extensão ainda é uma novidade e um desafio”, afirmou.

A diretora também discorreu sobre o projetoBarômetro: ciência café e debate, desenvolvido em parceria com o Centro de Comunicação da UFMG (Cedecom). Inspirado nos cafés científicos parisienses, que tiveram início na cidade de Lyon (França) no fim da década de 1990, o programa convida membros da academia e da sociedade para debater um tema comum, promovendo interlocução entre os saberes acadêmico e popular. “No contexto da internacionalização, o maior desafio da divulgação científica é promover a circulação de saberes e esse encontro de diferentes conhecimentos”, destacou.

O evento, que ocorre no auditório da Escola de Engenharia, campus Pampulha, segue durante a tarde, com a organização de grupos temáticos para discutir temas prioritários.

Hugo Rafael