Vacina para proteger mulheres e bebês dos efeitos da cocaína na gravidez é desenvolvida na UFMG
Em pesquisa inédita publicada na revista Molecular Psychiatry, experimentos demonstram que o medicamento é capaz de inibir os efeitos da cocaína no cérebro durante a gestação e a amamentação
![Karen González – OPAS / OMS Colômbia / Fotos públicas / CC BY-NC 2.0 Vacina em desenvolvimento pode prevenir contra efeitos da droga também na amamentação](https://ufmg.br/thumbor/S2QX3V8SKBXtqquDn-2KRbb8KUA=/167x0:1890x1151/712x474/https://ufmg.br/storage/2/9/d/8/29d8e7d7068ca9fec3529bdc5454a8b8_16303698139127_528831583.jpg)
Pesquisadores da UFMG apresentam o uso de uma possível vacina anticocaína, desenvolvida na Universidade, como uma alternativa de proteção a grávidas e seus bebês durante a gestação e a amamentação. Em uma pesquisa inédita, publicada na revista Molecular Psychiatry, do grupo Nature, em agosto, experimentos demonstram que o medicamento, que está em fase pré-clínica, é capaz de inibir os efeitos da cocaína no cérebro durante a gestação e a amamentação.
O uso da cocaína na gravidez está associado a quadros graves, tanto na gestante quanto no feto, com consequências que persistem ao longo da vida da criança, e por isso é considerado um problema de saúde pública. Os resultados inovadores do estudo podem oferecer uma nova e inédita forma de prevenção a esses efeitos. Os pesquisadores da Faculdade de Medicina, do Departamento de Química do Instituto de Ciências Exatas e da Faculdade de Farmácia estão em busca de recursos para a realização das próximas etapas da pesquisa.
Nesta segunda-feira, 30, o programa Conexões, da Rádio UFMG Educativa, recebeu um dos pesquisadores envolvidos na pesquisa. O professor Frederico Garcia, do Departamento de Saúde Mental da Faculdade de Medicina da UFMG, conversou com a jornalista Luíza Glória.
Frederico Garcia explicou por que essa situação é considerada um caso de saúde pública: “Muitas usuárias de cocaína ficam grávidas e acabam expondo os bebês às consequências da droga. É uma quantidade muito grande de mulheres usuárias, que vão gerar efeitos nos seus filhos, e que vão perdurar por bastante tempo”, explicou. “Nessa situação, a gente mudaria a vida dos nossos pacientes e da próxima geração. É um benefício muito importante que a gente está tentando desenvolver e oferecer para elas”, completou.
Sobre a dificuldade de obter financiamento para a pesquisa, além da diminuição do investimento em ciência no Brasil, o pesquisador destacou o impacto do preconceito. "Existe essa falsa ideia de que a dependência [química] é um desejo do sujeito, e não uma doença propriamente dita, como já se caracterizou muito bem", salientou.
Ouça a conversa completa no SoundCloud.
Participaram do estudo os professores do Departamento de Saúde Mental da Faculdade de Medicina da UFMG Frederico Garcia e Maila de Castro, a professora da Faculdade de Farmácia da UFMG Gisele Goulart, o professor do Instituto de Ciências Exatas Angelo de Fátima, e os pesquisadores do Núcleo de Pesquisa em Vulnerabilidade e Saúde (Naves) Paulo Sérgio de Almeida, Raissa Pereira, Sordaini Caligiorne, Brian Sabato, Bruna Assis, Larissa do Espírito Santo e Karine Reis.