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Encontro na UFMG reúne dirigentes das principais universidades brasileiras

Nove instituições são responsáveis por cerca de 80% da pesquisa científica produzida no país

Representantes das nove principais instituições universitárias do país participaram na UFMG, nos dias 9 e 10 de novembro, do 2º Encontro das Universidades Brasileiras de Pesquisa. A iniciativa promoveu a troca de experiências entre as universidades responsáveis por cerca de 80% da produção científica brasileira, através do debate de temas de interesse comum, como financiamento, autonomia, avaliação institucional e relações com a sociedade. 

"Instaurar uma cultura de debates é uma exigência vital para o crescimento de todas as instituições de ensino superior do Brasil", disse o reitor Sá Barreto, que presidiu, como anfitrião, as reuniões plenárias de cerca de 40 dirigentes universitários, entre reitores, vice-reitores, pró-reitores e assessores. Participaram os dirigentes da UFMG, USP, Unifesp, Unicamp, Unesp, UnB, UFRGS, PUC-RJ e UFRJ. 

O grupo, que nasceu de forma espontânea durante a última greve das universidades federais, pretende contribuir informalmente para a solução de problemas que afetam o ensino e a pesquisa nas universidades. O reitor da USP, Jacques Marcovitch, disse ao Boletimque os encontros devem ser vistos como oportunidades de aprendizagem. "Na UFMG, há iniciativas de expansão da infra-estrutura e procedimentos acadêmicos muito interessantes para a nossa realidade", disse Marcovitch. 

Na reunião de abertura, o reitor da USP salientou o trabalho da Fundação Mendes Pimentel no atendimento ao aluno carente, citando-o como uma experiência a ser imitada nacionalmente. Na análise de Marcovitch, as dificuldades atuais, entre elas a crise orçamentária, são importantes para as universidades brasileiras aprenderem a ficar mais sensíveis às expectativas da sociedade. "Essa é a direção da reforma do ensino. Precisamos corresponder à demanda de toda a população", afirmou. 

O incremento das relações entre a universidade e a sociedade foi também destacado pelo reitor da Universidade de Brasília, Lauro Morhy. Ele disse que as instituições de ensino superior devem se manter atentas às mudanças sociais. "Está chegando ao fim a fase de parceria com o Estado. Através da interação com empresas, instituições públicas e organizações não-governamentais, a comunidade externa pode compreender melhor o nosso papel", afirmou. 

O vice-reitor da Unicamp, Fernando Galembeck, disse que o momento atual é propício para as universidades brasileiras refletirem sobre a educação no país: "Mesmo com todos os obstáculos e desafios, o futuro das universidades depende de debates como esse para descobrirmos onde poderemos chegar. Aqui os dirigentes universitários identificam problemas críticos e tomam conhecimento de iniciativas de sucesso". 

O Pró-Reitor de Cultura e Extensão da USP, Adilson Avansi de Abreu, destacou a importância do grupo para o ensino e a extensão. "As discussões são úteis para compararmos situações diferentes do ponto de vista da estrutura da organização e do financiamento das nossas atividades".

Autonomia

A autonomia universitária, tema de um dos grupos de trabalho, esteve no centro de muitos debates do encontro. O reitor Jacques Marcovitch afirmou que a autonomia será vital para o aperfeiçoamento de uma estrutura jurídico-institucional capaz de promover a melhoria das atividades acadêmicas. "A autonomia obrigará as universidades a se comprometerem com a gestão dos seus recursos e com a qualidade dos serviços que prestam", disse o reitor da USP. 

O reitor Lauro Morhy ressalvou que a noção de autonomia não significa eliminar o compromisso do poder público para com o ensino e a pesquisa: "A responsabilidade continua com o Governo". O reitor da UnB advertiu, no entanto, que as instituições de ensino superior devem desde já se adequar ao novo panorama da educação no cenário da autonomia. "Para que a autonomia seja instituída, serão necessárias mudanças legais, administrativas e financeiras", afirmou, salientando a responsabilidade do MEC no sentido de facilitar a transição rumo à nova realidade.. 

No encerramento do encontro, o reitor Sá Barreto salientou a importância do debate regular entre os dirigentes das nove universidades que respondem pela esmagadora maioria da pesquisa e dos cursos de pós-graduação de qualidade existentes no Brasil. "São instituições com identidade suficiente para estabelecer um patamar comum, antecipando e avaliando questões e propostas", disse o reitor da UFMG 

Ao final, Sá Barreto anunciou a decisão do grupo de entregar ao presidente da República uma carta manifestando preocupação com a situação da ciência e da tecnologia no país.