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Dissertação da Face avalia terceirização em Minas

Estudo mostra que processo é irreversível, apesar de nem sempre apresentar o resultado desejado

Sinônimo de desemprego para muitos, a terceirização, presente na maioria das grandes indústrias de Minas Gerais, é um processo irreversível. Apesar de alguns setores não apresentarem o resultado desejado com a transferência de serviço, este processo, de uma forma geral, reduz custos, aumenta a competitividade no mercado e desburocratiza a instituição. 

Estas são as principais conclusões a que chegou a aluna do curso de mestrado do Cepead, Myrian Constantino de Almeida, que desenvolveu a dissertação A terceirização e seu impacto na cultura organizacional: um estudo em grandes empresas de Minas Gerais, defendida no início de fevereiro na Faculdade de Ciências Econômicas (Face).

Myrian fez sua pesquisa em duas etapas. Na primeira, foi aplicado um questionário em 12 empresas de grande porte com o objetivo de levantar o grau de terceirização, os fatores que a motivaram e os problemas resultantes do processo. O resultado, segundo a autora do estudo, foi bastante homogêneo. "Praticamente todas as indústrias pesquisadas haviam transferido para outras empresas os setores de limpeza, segurança e manutenção predial. O motivo foi uma provável redução de custos e o aumento da competitividade", diz.

Qualidade

O principal problema detectado, segundo a pesquisadora, foi em relação à qualidade dos serviços prestados pelos terceiros, principalmente no que diz respeito a atividades ligadas ao produto final. "Quanto mais próxima a atuação da área terceirizada estiver do produto final, maiores foram as dificuldades de gestão do processo", afirma.

Na segunda etapa, a pesquisadora concentrou seu estudo em cinco empresas, mas apenas três (duas do setor de mineração e uma de siderurgia) aceitaram continuar colaborando. Nestas firmas, Myrian detectou alguns problemas: os custos não foram reduzidos nem a produtividade aumentou como os diretores esperavam. "Numa mineradora, por exemplo, o processo de terceirização do setor de transporte do produto final foi revertido", informa. Os próprios diretores não souberam explicar porque os resultados não corresponderam às expectativas da empresa. 

Apesar disso, segundo Myrian, a tendência das grandes empresas é continuar com a terceirização, mas procurando estruturar áreas e profissionais destinados a acompanhar a transferência de serviço. Ela recomenda que as empresas continuem a investir nesse processo, mas que contemplem outros fatores como o atendimento personalizado. "Muitas prestadoras de serviço padronizam o trabalho, prejudicando o contato inicial com os clientes de grandes empresas", conclui a pesquisadora.