Mutirão mobiliza comunidade acadêmica contra a dengue

Pesquisa estuda lesões em jogadores de futebol

Se você pensa que o atacante é sempre o atleta que mais sofre lesões no futebol, pode estar enganado. Em times pequenos, os artilheiros nem sempre são os mais visados pelos adversários. Neles, os jogadores de defesa, como laterais e zagueiros, costumam trabalhar dobrado para evitar derrotas. Por isso, podem estar mais expostos às contusões. 

Esta é uma das conclusões da pesquisa Epidemiologia das lesões nos atletas de futebol, desenvolvida pelos alunos de medicina Sérgio Freire Júnior, Flávio Campos, Guilherme Câmara e Rodrigo Medeiros. 

Sob a orientação do professor Lúcio Honório, do departamento do Aparelho Locomotor da Faculdade de Medicina, os alunos escolheram como objeto de estudo o time profissional do Projeto Esporte Universitário (Proesp), da UFMG. 

Honório explica que os resultados da pesquisa contrariam o consenso estabelecido pela literatura especializada, que aponta os atacantes como vítimas principais da violência nos gramados. É sobre eles que recai a responsabilidade de decidir títulos e partidas com seus gols. 

Mas em relação aos times considerados pequenos, o professor tem um raciocínio diferente. Ele diz que seus atacantes não preocupam tanto técnicos e jogadores adversários, já que na maioria das vezes jogam retrancados, excessivamente preocupados em não perder as partidas. Além disso, acrescenta Honório, "essas equipes são menos pressionadas a obter vitórias e não disputam vários campeonatos simultaneamente."

Origem

O grupo de pesquisadores, responsável também pelo atendimento médico aos atletas da equipe do Proesp, teve a oportunidade de analisar detalhadamente os problemas observados durante as consultas. Daí nasceu a idéia da pesquisa. "Verificamos que a literatura sobre o assunto não é muito extensa. Descobrimos também que tínhamos um bom material para estudo, ou seja, o próprio time do Proesp", comenta Sérgio Freire. 

A pesquisa, apresentada em novembro na Semana de Iniciação Científica da UFMG, foi iniciada em julho de 1997. Os dados foram coletados em dez meses. "Cada vez que atendíamos jogadores machucados durante os jogos, colhíamos informações sobre eles, as lesões ocorridas, as condições de jogo. Observávamos o campo, o tempo, a posição do jogador, onde e como ele se machucou", disse Freire. 

Os dados obtidos serão valiosos para melhorar o tratamento das lesões e permitir mudanças em algumas técnicas de treinamento. Freire lembra, por exemplo, que os jogadores de futebol se submetem a pesadas cargas de esforço físico: "Eles treinam em dois períodos diários e nem sempre estão preparados física e psicologicamente". 

O professor Lúcio Honório observa que iniciativas de caráter interdisciplinar, como a do Proesp, são fundamentais para a formação do estudante. Tanto que a pesquisa realizada pelos alunos da Escola de Medicina gerou resultados expressivos em pouco tempo. "Os dados já estão sendo aplicados no dia-a-dia dos atendimentos", observa o professor.

Simone Costa