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Equipamento da Escola de Engenharia melhora desempenho do coração artificial

Mensuração com feixes de laser tem aplicação em várias áreas de pesquisa

Uma nova esperança para os cardíacos pode vir dos laboratórios da Escola de Engenharia da UFMG. Com o auxílio do Velocímetro Laser Doppler (LDA), equipamento comprado há poucos meses da Dinamarca, o Centro de Pesquisas Hidráulicas e Recursos Hídricos (CPH) está aperfeiçoando o primeiro coração artificial brasileiro, desenvolvido pelo Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, em São Paulo. O LDA medirá, com feixes de laser, as câmaras internas do coração, possibilitando a observação de áreas em que as substâncias sangüíneas possam encontrar condições desfavoráveis. 

"O LDA é um aparelho muito preciso e pode ser usado em pesquisas de diversas áreas", diz o professor Marcos Pinotti Barbosa, que coordena os projetos relacionados ao uso do Velocímetro. No Brasil, há apenas cinco equipamentos similares ao LDA. Desenvolvido com tecnologia de ponta pela empresa dinamarquesa Dantec, ele custou R$ 95 mil e poderá ser utilizado com diversos fins. Seu princípio é baseado num conjunto de feixes de laser que, cruzados em determinado ponto de um escoamento transparente de gás ou líquido, medem a velocidade das partículas. O movimento delas é, então, codificado pelo computador. "Isso permite o estudo dos perfis de velocidade em vários trechos de um escoamento e a identificação de regiões de turbulência, recirculação, reação química ou alta temperatura", explica Pinotti. 

Aplicações 

Outra vantagem do LDA está relacionada à observação da velocidade das partículas por feixes de luz. Como o laser não interfere no meio em que está sobreposto, as medidas acabam saindo com total precisão. "Ele pode agir em diversos ambientes diferentes sem causar qualquer alteração", diz Pinotti. Prova disso é a extensa relação de funções que o aparelho realizará na UFMG. 

Além do coração artificial, o professor conta que, através de parceria com a Cemig, o LDA auxiliará no estudo de vertedouros e dissipadores de energia, instrumentos utilizados em usinas hidrelétricas. Dentro dos laboratórios do CPH, está sendo construído um modelo reduzido de canal hidrelétrico, que produzirá escoamento de água similar ao de uma estrutura verdadeira. O Doppler medirá pontualmente os perfis de velocidade, o que facilitará a otimização de recursos para a construção de usinas. "Antes de a Cemig iniciar qualquer obra, faremos pesquisas prévias com o LDA", antecipa Pinotti. 

O pesquisador informa que o equipamento está à disposição de outros setores de pesquisa na UFMG: "Ele tem caráter multisciplinar. Não há porque centralizá-lo na Engenharia". Além da parceria com setores da Universidade, Pinotti quer promover contatos com a sociedade e o meio empresarial. O Instituto Euvaldo Lodi (IEL) está agendando encontros com técnicos de diversas empresas para que venham conhecer o Velocímetro. Suas aplicações vão da computação ao setor têxtil, passando pela telefonia, bioengenharia e indústrias químicas.

Novos equipamentos

Dois outros aparelhos devem chegar à Universidade em breve. O primeiro é o Velocímetro por Imagem de Partícula (PIV), que proporciona uma visão macroscópica de um escoamento, antevendo as tendências das partículas durante o trajeto. O outro é um acessório que pode ser acoplado ao LDA, chamado Velocímetro Doppler de Fase (PDA), que permite medidas simultâneas do ritmo e da dimensão das partículas.

Maurício Silva Júnior