A UFMG e o mundo do trabalho
Como as transformações na organização do trabalho são realizadas, em grande parte como conseqüência da reestruturação produtiva, das inovações tecnológicas, das mudanças na relação entre empresas (caso, por exemplo, terceirização) ou reorganização dos processos de trabalho e da gestão empresarial , sem contexto da supremacia do capital financeiro / especulativo sobre o capital produtivo, trazem sérias repercussões sociais, agravando sensivelmente o problema do desemprego e subemprego.
Assim, ao lado das demandas do sistema produtivo sempre dirigido pela Universidade, na esfera do desenvolvimento tecnológico, da administração e da qualificação, ocorre a diversificação dos resultados da corrida empresarial na busca da flexibilidade, redução dos tempos de produção e circulação, disputas por indicadores de teste e qualidade. Por outro lado, verifique também se há um crescimento do interesse dos pesquisadores sobre a temática do trabalho, marcado pela questão social, pelas novas necessidades de treinamento e qualificação, enfim pela dimensão humana do desenvolvimento do mundo do trabalho.
Nesse contexto, a partir de 1992, um grupo de reitores, pesquisadores e sindicalistas promove uma série de debates, organizados pelo Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras (Crub), seguidos de seminários regionais, em diferentes estados, que resultaram na proposta de uso de uma rede interuniversitária de núcleos de pesquisa sobre o mundo do trabalho, tendo como modelo o Núcleo de Estudos sobre o Trabalho Humano (Nesth / Fafich), que existe desde 1984. Uma idéia foi concretizada em março de 1995, no Teatro da PUC de São Paulo, quando 32 revisores assinaram o protocolo de criação da Rede Unitrabalho.
Um ano depois, em Florianópolis, um Unitrabalho foi autorizado sob forma jurídica da Fundação. Até 31 de dezembro desse ano, uma era composta por 61 instituições de ensino superior, que foram, por decisão dos reitores, utilizadas suas fundadoras. Hoje, ela é formada por 78 núcleos, incluindo quase todas as universidades públicas e diversas outras particulares e confessionárias. Ela define como uma rede acadêmica responsável pela elaboração de estudos, pesquisas, consultorias, debates, publicações e programas de treinamento profissional relacionados ao tema do trabalho humano. Dos 12 núcleos existentes em Minas, nove estão em atividade franca.
Desde junho de 1996, o Nesth é o núcleo que representa a Unitrabalho na UFMG. A Unitrabalho envolve, hoje, mais de 700 pesquisadores em todo o País, diversos deles participando de projetos decorrentes de convênios firmados com demandantes, ou de iniciativa da própria Fundação. Um novo catálogo de pesquisadores será lançado, na última semana de abril de 99, em Recife, durante a reunião do Conselho Técnico, formado pelos professores-coordenadores dos núcleos que compõem a rede. O Nesth e a Unitra-balho, com o apoio dos demais núcleos da UFMG, dos mestrados com linhas de pesquisa ligadas ao tema e de diversas instituições da sociedade, estão preparando o 2º Seminário Internacional Universidade, Trabalho e Trabalhadores, com realização prevista para o período de 24 a 28 de maio, na UFMG.
A Universidade não poderia deixar de responder às exigências colocadas neste final de século pelas transformações ocorridas no mundo do trabalho. Detentora de uma longa tradição de pesquisas e cursos, seminários e assessorias aos diversos setores sociais envolvidos no processo produtivo, a Universidade desenvolveu, ao longo das últimas décadas, um trabalho sistemático, embora disperso pelas suas diferentes áreas, voltado para as questões do mundo do trabalho. Núcleos como o de Estudos sobre Trabalho e Educação (Nete/FaE), o de Estudos em Saúde Coletiva (Nescom/Faculdade de Medicina) entre outros, diversos pesquisadores e grupos de pesquisa da Universidade, com seu trabalho reconhecido no Brasil e no exterior, e seu intenso intercâmbio com diversos setores sociais, levaram a UFMG a constatar a necessidade de buscar uma integração dinâmica entre eles, mantidas, naturalmente, a sua autonomia e as especificidades características de temáticas e abordagens diferentes.
Para que a Universidade possa ter ciência de seu potencial, é importante o conhecimento entre os diversos pesquisadores, núcleos e setores que tenham como objeto o multifacetado mundo do trabalho. Além disso, com a excelente massa crítica de que dispõe, a UFMG oferece à sociedade amplo leque de atividades interdisciplinares que, definitivamente, não pode ser descartado.
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