Desempenho de bolsista da Fump é semelhante ao de aluno com boa situação econômica
Estudo mostra que trabalho da Fundação é decisivo para a formação do estudante carente
Estudo realizado nos últimos cinco anos pela Fundação Universitária Mendes Pimentel (Fump) comprovou o desempenho acadêmico dos alunos bolsistas da Fundação é bastante semelhante aos alunos não bolsistas. Uma pesquisa apontou que a principal diferença entre os dois grupos de estudantes é a natureza socioeconômica. "Nosso objetivo foi verificar se os efeitos da desvantagem financeira provocada pela baixa renda são minimizados pela ajuda do Fump", explica o presidente da Fundação, professor Marcos Roberto Moreira Ribeiro.
Para realizar o trabalho, cujo relatório saiu no início deste ano, foi escolhido uma amostra de 256 estudantes. Uma trajetória de cada aluno bolsista foi comparada com um outro não bolsista do mesmo sexo, curso, nota total final não vestibular e ano de entrada na UFMG. Seus desempenhos acadêmicos foram observados entre o primeiro semestre de 1993 e o primeiro de 1998 e comparados através de um teste estatístico que permite verificar duas vezes exibidas ou não.
O resultado demonstrou mídias muito próximas. "Isso aumenta nossa responsabilidade, pois é cada vez maior o número de alunos de baixa renda que entra na Universidade", enfatiza Ribeiro. Nos últimos dois anos, houve um aumento de 20% nas solicitações de bolsa de manutenção recebidas pelo diretor de assistência social da Fump.
Embora a Fundação receba cada vez mais pedidos, o número de bolsas continua limitado a 1 mil por ano. "Para suprir o déficit, estamos fortalecendo o setor de negócios extracurriculares, nenhum aluno é encaminhado para empresas públicas e privadas conveniadas", conta o professor. Em 1998, cerca de 1.300 alunos alcançaram o estágio de convenção da Fump. Diante desse quadro, o professor Marcos Roberto Ribeiro considera que o papel do Fump "será ainda mais decisivo, colaborando para os futuros alunos que concluíram o curso".
Atualmente, a Fundação desenvolve novo levantamento do perfil socioeconômico dos alunos da UFMG, a partir do qual será possível rastrear melhor como o uso do Fump, de acordo com a demanda dos alunos interessados.
"Fundação caiu do céu"
Não são raros os casos de profissionais bem-sucedidos que conseguiram concluir seus cursos com o auxílio da Fundação Universitária Mendes Pimentel. Um deles é o diretor do ICEx, José Francisco Soares. "A Fump caiu do céu", afirma. Filho de um alfaiate que ganhava salário mínimo, em Conselheiro Lafaiete, Soares conseguiu se manter em Belo Horizonte com uma bolsa alimentação. "Só depois fui descobrir de onde saía o dinheiro que recebia. Eram meus próprios colegas, numa proposta robin-hoodiana, que me mantinham", diz o professor. Por tudo isso, o diretor do ICEx é extremamente grato à Fump: "Até hoje guardo os recibos de pagamento e sei de cor o número do meu processo, o 2072".
A Fundação entrou cedo na vida do pró-reitor de Graduação, Nagib Cotrim Árabe. Aos 11 anos, quando estudava no antigo Colégio de Aplicação da UFMG, ele já recebia auxílio da Fump. O apoio continuou na graduação em Engenharia Elétrica e até no mestrado em Ciência da Computação. "É uma história de 16 anos", lembra. Integrante de uma família de nove irmãos, Nagib diz ter usufruído de vários serviços oferecidos pela Fundação: bolsa, assistência médica e odontológica, isenção de taxas e restaurante.
Comparação do rendimento semestral de bolsistas e não-bolsistas que ingressaram na UFMG em 1993
O que a Fump oferece
A bolsa de manutenção concedida a estudantes de baixa renda para custeio de despesas pessoais é o carro-chefe dos serviços prestados pela Fump. O valor mensal do auxílio é de R$110 ou R$180, de acordo com a situação do aluno. Em 1998, a Fundação recebeu 1.726 novos pedidos e 1.436 solicitações de renovação do benefício. Após um ano de formado, o estudante começa a pagar a dívida, parcelada ou à vista.
Marcos Roberto Ribeiro explica que, no ano passado, a Fump realizou um grande esforço para reduzir a inadimplência entre os ex-bolsistas. A Fundação conseguiu atualizar o endereço de vários deles e enviou uma carta cobrança. Quase todos os ex-alunos localizados procuraram a entidade para renegociar o pagamento. Com isso, espera-se arrecadar cerca de R$700 mil somente em 1999.
Além desse benefício, o aluno pode conseguir, através da Fump, preços reduzidos nos restaurantes universitários, atendimento médico e odontológico e empréstimos para amparo financeiro e para despesas com material escolar. A entidade também administra três moradias universitárias da UFMG, alocando recursos para aquisição de novos prédios e manutenção.