Arte ajuda surdos a integrarem-se ao mundo
Contando e criando histórias, é possível se integrar melhor à própria realidade. Para ajudar crianças e jovens surdos a melhorarem, a partir da linguagem, a percepção sobre o mundo que os cerca, a aluna Alexsandra de Oliveira, da Escola de Belas-Artes, desenvolveu, durante dois anos, o projeto Direcionamento da arte na educação dos surdos (Daes). O trabalho foi realizado com 50 alunos de três a dezoito anos da escola Aavida (Assistência Audiovisual para Deficientes Auditivos), de Divinópolis.
"A pesquisa procurou trabalhar com um dos grandes problemas da relação entre os surdos e seus professores e familiares: a falta de comunicação. Muitos não conseguem entender a linguagem usada pelos deficientes auditivos", explica Alexsandra, que apresentará resultados de seu trabalho na VIII Semana de Iniciação Científica da UFMG, a ser realizada entre 13 e 18 de setembro.
Uma das maiores dificuldades identificadas no modo de expressão dos surdos é a percepção fragmentada do tempo, isto é, o não entendimento das noções de passado, presente e futuro. Para ajudá-los a organizar a seqüência cronológica dos fatos, Alexsandra utilizou animações gravadas do programa Desenhando, da TV Cultura, e histórias em quadrinhos da Turma da Mônica.
Na primeira etapa, os alunos observaram as seqüências das histórias e foram incentivados a recontá-las em grupo. "Um aluno sempre percebia os erros e esquecimentos do colega, e o ajudava a remontar a ordem real dos fatos", lembra Alexsandra. Depois, ela mesma criou, com a ajuda de um colega, bonecos e cenários de massa de cera que, fotografados, viraram uma minirrevista com os personagens Surdo Travesso (batizado de João pelos alunos) e Jabuti (que virou Juca). Mais familiarizados com as seqüências narrativas, as crianças e jovens passaram a escrever seus próprios enredos, protagonizados por personagens de massa de cera que aprenderam a modelar.
Para Alexsandra, os resultados do trabalho mostraram que, se utilizados métodos adequados no ensino dessas crianças e adolescentes, não há limite para a aprendizagem dos surdos. "Muitos deles já estão preparados para se integrarem ao ensino regular", garante, explicando que o projeto aumentou o rendimento escolar e a auto-estima dos alunos.
Projeto: Direcionamento da arte na educação dos surdos (Daes)
Bolsista: Alexsandra de Oliveira (aluna da Escola de Belas-Artes)
Orientadora: Maria Cristina Fellet Guimarães (departamento de Psicologia da Fafich)
Órgão Financiador: Pibic/CNPq