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Entrevista com: Luis Werneck Vianna

A luta de classes saiu de moda

A luta de classes saiu da moda

A Editora UFMG acaba de publicar uma quarta edição do clássico da sociologia brasileira: Liberalismo e Indicado no Brasil, de Luiz Werneck Vianna, lançado pela primeira vez em 1976. Em entrevista ao Boletim, o autor compara o cenário social de hoje com quem inspirou sua obra, entre as décadas de 30 e 70, e revela que sentiu-se obrigado a alterar uma versão original do livro: "Atualiza a linguagem e elimina o militantismo da época".

 

Boletim  - Como ocorreu a modernização econômica do país?

Luis Werneck- Nos anos 70, era difícil para a esquerda e para os democratas entendidos pelo regime militar que não estava atrasado no desenvolvimento do país. Na década de 60, antes do golpe, imagine se o Brasil avançasse no caminho das reformas agrícolas, bancárias e habitacionais, definindo uma economia de natureza mais autárquica. O moderno era visto como algo capaz de ser conduzido por uma coalizão nacional popular com forte influência do sindicalismo operacional. O tempo passava e como coisas não tomavam essa direção. O país moderniza-se economicamente, apesar de não romper o imperialismo e o latifúndio. Meu livro é o resultado das análises de um intelectual à esquerda que vive ou golpe militar e está tentando entendê-lo. Este período é compreendido entre décadas de 30 e 70, mostrando o processo de modernização autoritária arrastou-se durante esse período. A ensaística brasileira estava viciada em analisar o processo de desenvolvimento ocorrido apenas na França e nos Estados Unidos. A literatura dos anos 70 ampliou a galeria de casos a serem comparados. Passamos a estudar na Itália, na Rússia, na Inglaterra, na Alemanha e um pouco do Japão. Com isso, percebemos que era possível chegar ao moderno sem romper com as elites agrícolas e industriais. Evidentemente, trata-se de uma via politicamente reativa, autocrática e autoritária para o capitalismo, traduzida na idéia de uma revolução sem revolução. A literatura dos anos 70 ampliou a galeria de casos a serem comparados. Passamos a estudar na Itália, na Rússia, na Inglaterra, na Alemanha e um pouco do Japão. Com isso, percebemos que era possível chegar ao moderno sem romper com as elites agrícolas e industriais. Evidentemente, trata-se de uma via politicamente reativa, autocrática e autoritária para o capitalismo, traduzida na idéia de uma revolução sem revolução. A literatura dos anos 70 ampliou a galeria de casos a serem comparados. Passamos a estudar na Itália, na Rússia, na Inglaterra, na Alemanha e um pouco do Japão. Com isso, percebemos que era possível chegar ao moderno sem romper com as elites agrícolas e industriais. Evidentemente, trata-se de uma via politicamente reativa, autocrática e autoritária para o capitalismo, traduzida na idéia de uma revolução sem revolução.

B - De que forma os trabalhadores inseriam-se nesse contexto?

LW - Tentamos mostrar, a partir da constituição do sindicalismo brasileiro nos anos 30, como a estrutura corporativa esteve a serviço da modernização autoritária e promoveu grande segmentação das classes subalternas brasileiras. De um lado, havia os trabalhadores urbanos, incorporados à legislação social, e, de outro, os camponeses à margem das leis trabalhistas. Nos grandes centros, os setores representados pelos sindicatos urbanos eram chamados ao mundo dos direitos mas, ao mesmo tempo, não poderiam ter identidade própria. Era necessário, portanto, romper com este tipo de sindicalismo, o que ocorreu na década de 70, com o fortalecimento de movimentos do ABC paulista.

B - As bases do novo sindicalismo eram muito diferentes do modelo anterior?

LW - Sim. Para começar, ele surgia no cenário das multinacionais da indústria automobilística e não mais das empresas estatais. Além disso, divorciava-se inteiramente da questão nacional. Somente agora esse sindicalismo aproxima-se da soberania nacional.

B - Quais as principais mudanças sofridas pelo modelo sindical brasileiro entre as décadas de 30 e 90?

LW - Hoje há um movimento, que acho extraordinariamente positivo, no sentido de estabelecer uma ponte entre os dois momentos. Essa idéia de descontinuidade absoluta, que apareceu com o novo sindicalismo do ABC, gerador do PT, tem sofrido grande flexibilização. Os temas da nação e da reforma agrária são novamente importantes para os sindicalistas. Está havendo uma tentativa de reinterpretar o passado sob o crivo da experiência moderna.

B - Como o senhor vê a atual relação entre sindicatos e empresários no Brasil?

LW - A oposição vem aprendendo que a época da confrontação - personalizadas em figuras como Jair Menegueli e Mário Amato - acabou. É preciso encontrar um caminho em que a esquerda e o sindicalismo também se tornem representantes do mundo da produção. O melhor exemplo foi o encontro, no mês passado, entre a esquerda parlamentar e a bancada ruralista. A contraposição de trabalhadores e capitalistas não é adequada ao momento atual. A esquerda e os sindicatos devem representar o mundo do emprego, a produção, a defesa do país, a riqueza e a soberania nacional.

Livro: Liberalismo e sindicato no Brasil

Autor: Luiz Werneck Vianna

Preço: R$ 37 (Na loja da Editora, com 25% de desconto)

Vendas: Loja da Editora UFMG, na Praça de Serviços