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Veterinária debate surto de zoonoses

Falta de investimentos contribuiu para o retorno de doenças transmitidas por animais

Debater a epidemiologia das zoonoses - doenças transmitidas pelo animal de forma direta ou através de seus subprodutos (leite, carne, etc.) ao homem - com enfoque nos problemas sociais que favorecem sua proliferação e a atuação do médico veterinário na prevenção. Estes foram os temas abordados durante a palestra Zoonoses - Doenças Emergentes e Saúde Pública, que integrou a Semana do Médico Veterinário, realizada de 8 a 11 de setembro, na Escola de Veterinária. Organizada pela Consultoria Veterinária Júnior, o evento teve oito palestras ministradas por professores da própria escola, de outras universidades brasileiras e profissionais do setor.

"Na palestra, procuramos debater principalmente a volta de doenças que eram tidas como controladas e até erradicadas, como a leptospirose, leishmaniose, dengue, raiva, cisticercose, entre outras, mas que estão retornando devido aos novos cenários sociais e problemas de infra-estrutura básica", explica a professora do departamento de Medicina Veterinária Preventiva, Celina Modena.

A falta de recursos do poder público para investir em saneamento básico e infra-estrutura em regiões muito pobres, conta a professora, é uma das principais causas do retorno dessas zoonoses. O problema foi discutido com a médica veterinária e sanitarista Maria Consolação Magalhães Cunha, da Prefeitura de Belo Horizonte, que debateu com professores e participantes as condições que propiciam o surgimento das doenças.

Leptospirose, dengue e raiva 

Um exemplo recente de volta de zoonoses emergentes foi o surto de leptospirose ocorrido em maio na região do Barreiro. "A epidemia encontrou um ambiente dos mais favoráveis nas áreas habitadas por populações ribeirinhas, no lixo jogado nas ruas e na falta de saneamento", lembrou o professor José Aílton da Silva, também do departamento de Medicina Veterinária da Unidade.

Além de recursos para investir em regiões muito carentes, Celina Modena diz que o controle das zoonoses só é possível com um intenso trabalho educacional junto a essas populações. "A dengue só foi controlada quando as pessoas conscientizaram-se de que precisavam acabar com a água concentrada em pneus e vasos", lembra Celina Modena.

Além das grandes cidades brasileiras, o interior também vem sendo palco de zoonoses. Nesses lugares, a causa do retorno de doenças transmitidas por animais é de caráter ambiental. Devido à devastação no meio ambiente, dois dos quatro casos de morte pela raiva ocorridos em Minas este ano foram transmitidos por morcegos. Sem os frutos e animais silvestres para se alimentarem, extintos por causa da derrubada de matas, o morcego passa a atacar o gado, infectando-o e, em conseqüência, ao homem.

O seminário também debateu o papel da universidade, enquanto instituição capaz de mobilizar a população e o poder público em busca de soluções, e de possibilitar formação mais ampla do médico veterinário, no que diz respeito à sua atuação social e preventiva. Também participaram da palestra sobre zoonoses os professores Idael Santa Rosa, da Universidade Federal de Lavras, e Hélio Vilela Barbosa, da Universidade Federal da Bahia.