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Bom, bonito e barato

Projeto de edificação feito por alunas da Arquitetura alia conforto e economia de energia

Quando se fala em casas populares, logo vem à mente aquelas construções modestas e desconfortáveis. Mas um projeto desenvolvido por estudantes da Escola de Arquitetura da UFMG compreende que é possível aliar economia, conforto e funcionalidade na construção civil. Elas projetaram um conjunto habitacional que permite economia de eletricidade, graças ao aproveitamento da energia solar. Uma proposta, desenvolvida no Laboratório de Conforto Ambiental, foi uma das 12 premiadas na 1a Bienal José Miguel Aroztegui, concurso latino-americano de projetos de arquitetura bioclimática.

 

O concurso foi criado com o objetivo de promover propostas habitacionais de alcance social. A equipe de estudantes - que escolheu o bairro Vera Cruz, na zona leste de Belo Horizonte, por comunidades de baixa renda - teve como resultado de estudos que mostram que muitas famílias abandonam suas residências por não conseguirem arcar com contas de energia. Daí, adote um modelo de habitação que aproveite a energia do sol. “Seu uso permite economia anual de eletricidade superior a 70%”, diz a aluna Fernanda Ferreira, integrante do grupo.

 

Conforto

 

Foi por causa desse modelo que o projeto acabou sendo incluindo na Bienal, concorrendo com outros 41 inscritos. Ele é baseado num sistema de aquecimento solar de baixo custo, que dispensa o uso de bomba para fazer a água circular nos coletores, já que utiliza um equipamento que permite a circulação natural da água, o termossifão.

 

As alunas optaram por projetar 32 casas geminadas para economizar espaço e alvenaria, e aplicar tecnologias mineiras, como o tijolito, desenvolvido pela Construtora Andrade Gutierrez, para reduzir o desperdício na construção civil, já que a fiação elétrica e as tubulações hidráulicas passam através de seus furos. “O projeto levou em consideração parâmetros climáticos, luminosos e acústicos para racionalizar o uso de energia”, informa a professora Eleonora Assis, orientadora do projeto.

 

Para melhorar o índice de conforto nas habitações, as estudantes, matriculadas no 8º período do curso de Arquitetura, produziram ensaios de ventilação para identificar cômodos pouco arejados dentro do projeto. A partir daí, as janelas dessas áreas ganharam placas verticais para aproveitar os ventos da região. Já o conforto térmico de toda a edificação é garantido por um forro, projetado com uma esteira de bambu – comum em construções coloniais – colocada sob a laje, que criou espaços

 

Projeto: Arquitetura Bioclimática Conjunto Popular Vera Cruz – Belo Horizonte. 

Orientação: Eleonora Assis e Roberta Gonçalves de Souza.

Equipe: Fernanda Ferreira, Sandra Assis, Maria Júlia de Araújo e Rachel Pereira. Carolina Brum e Iraci Pereira (monitoras) 

Exposição: Até o dia 26 de maio, na Biblioteca da Escola de Arquitetura juntamente com outros trabalhos do Brasil, Colômbia, Equador e Chile.

 

 

 

Bienal homenageia arquiteto uruguaio

 

José Miguel Aroztegui, pesquisador que dá nome ao concurso, foi um arquiteto uruguaio de expressiva produção acadêmica na área de Arquitetura Bioclimática e Conforto Ambiental. Ele viveu no Brasil entre 75 e 85, tendo sido professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). A Bienal foi instituída em Fortaleza, em 1998, durante o 5o Encontro Nacional de Conforto no Ambiente Construído (Encac). Os 12 melhores projetos participam de mostra itinerante que percorre o Brasil e parte depois para outros países da América Latina.

Ana Carolina Fleury