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Corgema melhora qualidade das gemas produzidas em Minas Gerais

Desenvolvido pela UFMG em parceria com o CDTN, projeto esbarra na falta de financiamento

Um projeto de departamentos de Física (ICEx), de Geologia (IGC) e o Centro de Desenvolvimento de Tecnologia Nuclear (CDTN) pode ajudar o setor de pedras preciosas de Minas Gerais a reviver seus tempos de execução no grande mercado mundial de gemas. Criado no final de 1997 por iniciativa do governo estadual, aliado a empresários e pesquisadores, ou Corgema tem como melhorar a coloração de gemas mineradas através de processos químicos, químicos e geológicos, e instalar o primeiro centro de tratamento de pedras no estado.

 

Aprovado com mérito pela Fapemig em 1999, ou Corgema também vem passando por dificuldades financeiras em virtude de crises que atinge uma agência de fomento a pesquisas desde 1998. "Os repasses foram retomados, mas o fluxo ainda não é o ideal. Para os próximos dois anos, serão necessários R $ 800 mil, sendo R $ 150 mil apenas para aquisição de irradiador gama, equipamento fundamental no processo de coloração das gemas ", explica um dos coordenadores do projeto, Klaus Krambrock, departamento de Física do ICEx. Os outros pesquisadores que estão à frente da Corgema são Joachim Karfunkel, do departamento de Geologia do IGC, e Fernando Lameiras, da CDTN.

 

Incentivos

 

Outra fonte de recursos para o  poderá ser o Sindicato da Indústria Joalheira de Minas Gerais (Sindijóias), entidade ligada à Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), e que representa os empresários do setor. Segundo Krambrock, o Sindijóias dispõe-se a financiar a compra do irradiador, mas está esperando que o governo reduza a carga tributária global do setor, que é da ordem de 50%, uma das maiores do mundo. Na Europa, esse conjunto de impostos é de apenas 14%. "Como a Secretaria de Estado da Ciência e Tecnologia (SECT) definiu a linha de gemas como um dos cinco projetos prioritários, estamos na expectativa de que haja incentivos fiscais, o que impulsionaria muito o projeto e o setor", ressalta o pesquisador.

 

Minas Gerais é o estado brasileiro que mais produz gemas no país, respondendo por cerca de 50% da produção nacional e 25% da mundial. Mesmo ostentando estes números, o estado arrecada apenas 2% da comercialização global, que gira em torno de U$ 1,5 bilhão ao ano.

 

Este paradoxo, segundo o professor Krambrock, deve-se à mão-de-obra pouco qualificada na lapidação e à falta de um centro de tratamento de gemas que, depois de instalado, poderia atrair empresas para o estado, gerando mais empregos e crescimento para o setor. "É por isso que comerciantes estrangeiros compram o quartzo bruto aqui para lapidá-lo e colori-lo na Europa e nos Estados Unidos, aumentando incrivelmente o valor do produto", observa Klaus Krambrock.

 

Exemplos deste quadro são as regiões de Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, e do Vale do Jequitinhonha, duas das principais produtoras de gemas do país, mas que estão com sua mão-de-obra praticamente ociosa.

 

O Corgema, segundo o pesquisador do ICEx, ajudaria a resolver estes problemas, pois um de seus objetivos é preparar consultores para atuar junto às empresas produtoras de pedras. O primeiro profissional do gênero formado pelo programa foi o pós-doutorando da Física, Maurício Veloso Pinheiro, que venceu um concurso de painéis no XXIII Encontro Nacional de Física da Matéria Condensada, realizado em São Lourenço, no mês passado. O estudo de Pinheiro ­ sobre a cor de diversos tipos de turmalinas das regiões de Teófilo Otoni, Araçuaí e Linópolis ­ concorreu com outros 737 trabalhos de todo o país.

 

Processos

 

Boa parte das gemas mineiras são encontradas sem cores na natureza, o que reduz sensivelmente seu preço de mercado. Sua valorização depende de tratamentos especiais, objetivo do projeto Corgema, que pesquisa pedras da família Quartzo (ametista, citrino e quartzo fumê), turmalinas, topázios, berilos e até diamantes. Além do irradiador gama ­ que transforma o quartzo em ametista outro processo de coloração das gemas é o termoquímico, no qual é adicionado ferro e alumínio através de temperaturas que variam de 550C, no caso do quartzo, até 1700C, em relação às safiras.

 

É expressivo o valor agregado à gema que sofre processo de coloração. Um exemplo é o quartzo que, em estado bruto incolor, é comprado por R$ 10 o quilo. Depois de transformado em ametista lapidada, passa a valer US$ 10 o quilate ­ equivalente a 0,2 grama.

Marco Antônio Corteleti