Diamantina, a capital da cultura mineira

Eschwege estreita laços com Diamantina

Um dos principais símbolos da cidade, o Centro de Geologia abrigará curso de Turismo e núcleo de cultura

Adquirido pela Universidade em 1979, o Centro de Geologia Eschwege, sediado em Diamantina, tornou-se referência nacional no estudo da formação geológica da Serra do Espinhaço, região onde está localizada a cidade que abrigará o 32 Festival de Inverno da UFMG. Desde o ano passado, no entanto, o Eschwege, vinculado ao Instituto de Geociências (IGC), vem firmando parcerias para ampliar sua atuação acadêmica e estreitar ainda mais os laços com a comunidade da região.

 

Um dos projetos criados com este propósito é o Centro de Referência em Cartografia Histórica, que pretende reunir grande quantidade de mapas antigos de Minas Gerais e do Brasil. "Apesar de o início do funcionamento do Centro de Referência estar previsto para setembro, será possível conhecer uma mostra do seu acervo ­ que poderá ser consultado através de cópias e CD-ROM ­ durante o Festival de Inverno", garante o diretor do IGC, Antônio Gilberto da Costa. O projeto é resultado de parceria da UFMG com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e o Centro de Cultura do Exército.

 

Outro convênio, denominado Memorial Casa da Glória e firmado com a Ordem São Francisco de Paula, de Belo Horizonte, prevê a devolução de documentos históricos sobre a Casa da Glória ­ conjunto do final do século 18 onde funciona o Eschwege ­ para o seu local de origem. Com documentos que datam de 1850 e que se encontravam na Ordem religiosa, o projeto vai possibilitar uma parceria com a Faculdade de Educação, que pesquisará o acervo do Colégio Nossa Senhora das Dores, um dos mais antigos de Minas (fundado em 1867) e que funcionou na Casa da Glória.

 

Na área de Turismo, informa o diretor do IGC, será montada infra-estrutura para os estagiários deste curso, que deverá ser criado pela UFMG até 2002. No campo da Botânica, está sendo acertada uma parceria com o Instituto de Ciências Biológicas (ICB) e com a Universidade de São Paulo (USP) para o desenvolvimento de pesquisas sobre a vegetação da Serra do Espinhaço, que praticamente nunca foi estudada.

 

Centro de Cultura

 

O Centro de Geologia ­ que está em vias de mudar seu nome para Instituto de Geologia Eschwege ­ desenvolverá outros projetos de aproximação com a comunidade de Diamantina. Um dos pilares dessa estratégia é a criação do Centro de Cultura Casa da Glória, que será viabilizada pela reforma que fará a adequação do espaço físico do Eschwege, formado por dois blocos unidos por um passadiço de madeira. Os recursos ­ cerca de R$ 50 mil ­ serão liberados pelo Ministério da Cultura, conforme prevê convênio firmado no mês passado. Outra iniciativa foi a assinatura de um termo de cooperação técnica com o Iphan para a recuperação e incrementação do Museu do Diamante.

 

 

 

Espinhaço tem 1,5 bilhão de anos

 

Uma das mais antigas formações geológicas das Américas, com cerca de 1,5 bilhão de anos, a Serra do Espinhaço desperta o interesse dos pesquisadores desde o início do século 18, quando foram descobertas as primeiras jazidas de diamantes na região. Da década de 60 do século 20 até meados dos anos 70, professores da Universidade de Fraiburg, da Alemanha, identificaram na Serra o local ideal para desenvolver pesquisas para o seu curso de doutorado em Geologia.

 

De acordo com o professor Antônio Gilberto da Costa, a Serra ostenta características geológicas únicas no mundo inteiro, daí o interesse dos pesquisadores. A partir da aquisição do Eschwege pela UFMG, em 1979, a Universidade começou a desenvolver inúmeros projetos de pesquisa, como o Programa de Mapeamento para Alunos de Geologia de todo o país, financiado em conjunto com o CNPq, e que perdura até hoje.

 

Na metade da década de 90, a UFMG executou o Projeto de Mapeamento da Serra do Espinhaço, bancado pela Secretaria de Estado das Minas e Energia. O programa detectou, na região, potencial para a exploração mecanizada de diamantes, recursos hídricos e rochas ornamentais.