Livro revela face desconhecida da escravidão
historiadores da Fafich mostram que escravos conseguiam inserir-se no mercado e acumular riqueza
Uma imagem em que os escravos brasileiros são homens, passivos e resignados com seu próprio destino. Essa visão simplista é fundamental no livro A Escravidão no Brasil: relações sociais, acordos e conflitos , escritos em quatro mãos pelos professores Douglas Cole Libby e Eduardo França Paiva, departamento de História da Fafich.
Uma obra apresenta uma face pouco conhecida da escravidão, ao analisar ou escravo e forro (escravo recém-liberado) como agentes transformadores, inseridos no mercado e em condições de riqueza acumular. Eduardo França Paiva lembra que muitos escravos conseguiram obter sua alforria, em especial as mulheres, que incluíam liberdade de filhos e até maridos com a venda de alimentos e bebidas nas cidades, vilas e arraiais. Uma era de coartação é uma forma mais comum de compra de alforria e pagamento sem pagamento parcelado da dívida com o proprietário.
A Escravidão no Brasil ... é um livro paradidático destinado aos alunos do ensino médio e aos alunos que terminaram o ingresso na universidade. Segundo França Paiva, uma obra faz parte da produção acadêmica sobre escravidão no Brasil e no mundo. Os historiadores usaram testamentos, inventários post mortem , listas nominativas, documentos cartográficos de minas e administrativos do Brasil que remontam aos séculos 17, 18 e 19.
Sistema escravista
A publicação ainda disponibiliza dados quantitativos e qualitativos do sistema brasileiro escravista, que podem entender sua diversidade e pluralidade. Comparado aos Estados Unidos,
Cuba e Ilhas do Caribe, o sistema brasileiro é o maior, já que 38% dos africanos que vieram para as Américas aportaram no Brasil, enquanto o restante foi para outras regiões. O Brasil, segundo o professor Paiva, também apresentava elevado número de alforrias: "No final do século 18, a capitania mais habitada, Minas Gerais, tinha 300 mil habitantes. Destes, 120 mil eram ex-escravos, contra cem mil escravos e apenas 80 mil pessoas que nasceram livres.
Outra particularidade brasileira era a existência de muitos escravos para poucos senhores nas áreas rurais média de 80 por propriedade. Nas regiões mais urbanizadas, como Minas Gerais, Rio de Janeiro, Recôncavo Baiano, Recife, Olinda, São Luiz, Belém do Pará e algumas vilas em Goiás, ocorria o inverso: a média era de seis escravos por propriedade. "Isso determinou relações sociais distanciadas no campo e mais próximas nas cidades", conclui Paiva.
Livro: A Escravidão no Brasil: relações sociais, acordos e conflitos
Autores: Douglas Cole Libby e Eduardo França Paiva
Lançamento: julho, durante o 12o Encontro Regional de História, realizado na Fafich
Preço: R$ 11
Editora: Moderna