Escola integrada envolve alunos da UFMG

Ágora na sala de aula

Projeto da Faculdade de Letras leva cultura greco-latina para o mundo contemporâneo

 

Não se surpreenda se pegar seu irmão, filho ou primo conversando sobre a história de Antígona ou Medéia. Ou, ainda, se ao passar por uma praça deparar-se com contadores de histórias mitológicas e encenações de tragédias gregas. Esses são exemplos de intervenções urbanas do Programa Letras e Textos em Ação (PLTA), da Faculdade de Letras, que usa recursos da arte para trazer elementos da cultura greco-latina à contemporaneidade.

 

Criado em 1998, o PLTA é uma iniciativa do Centro de Extensão (Cenex) da Fale que busca divulgar a cultura de civilizações antigas nos mais diversos espaços da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Por meio de saraus, mostras iconográficas, contação de histórias, seminários, oficinas e montagens teatrais, o programa facilita o acesso do grande público a áreas do conhecimento tidas como elitistas, como filosofia, literatura, criação literária, arqueologia e estudos clássicos.

 

Coordenado pelo professor Marcos Antônio Alexandre, o PLTA funciona a partir de seis projetos individuais desenvolvidos por 11 alunos dos cursos de graduação em Letras e Teatro. “Como um dos objetivos é a elaboração de pesquisas e a produção de eventos culturais e acadêmicos, de caráter interdisciplinar, o programa também envolve professores e alunos de Filosofia, História, Música, Dança, Religião, Artes Plásticas e Geografia”, informa o coordenador.

Aula-espetáculo

 

Um dos sucessos de público do programa, visto por cerca de mil alunos da rede pública, é o projeto Skené Trágica, uma aula-espetáculo sobre a origem do teatro ocidental. “Nas duas encenações realizadas (A nau de Dionísio, de 2005, concebida a partir da história da personagem Antígona, e Hamartía Humana, do ano passado, que parte da trajetória de Medéia), o aluno-ator revela como a cultura greco-latina está presente no mundo contemporâneo, seja no teatro, na filosofia, na música ou no vocabulário”, comenta o professor Marcos Alexandre.

 

Outro trabalho teatral foi a produção, em 2006, do espetáculo Prometeu Liberto: uma trilogia trágica em um drama satírico, baseado na tragédia grega Prometeu Acorrentado, de Ésquilo. Apresentado em espaços alternativos como a Serra da Piedade e a Olaria da Estação Ecológica, o espetáculo deu origem ao projeto de extensão Dramaturgia para Prometeu Liberto, iniciativa que possibilitou a inserção, inédita na Fale, da dramaturgia como área de pesquisa.

 

Já o projeto Contos de Mitologia, responsável pela promoção, no fim de cada ano letivo, de concurso de contadores entre alunos de escolas públicas e o Quem conta um conto aumenta um ponto, voltado para a cultura popular do Vale do Jequitinhonha, utilizam a técnica de contação de histórias para trabalhar mitos gregos e mineiros. Já o Curso de Atualização em Civilizações Antigas, também do PLTA, oferece preparação para viagens e visitas a sítios arqueológicos. Em 2006, os alunos foram a Londres pesquisar o teatro de Shakespeare a partir da perspectiva da tragédia grega.

 

Como a pesquisa sobre a cultura greco-ocidental é essencial para o desenvolvimento das atividades do grupo, os projetos do PLTA desdobram-se em produções acadêmicas. Os integrantes do programa participam de seminários e congressos de artes cênicas, literatura, história, entre outras áreas, para discutir artigos e textos elaborados com base em sua experiência. Eles também pretendem publicar livro sobre a história do programa, o processo de construção dos projetos e seus desdobramentos.

 

A agenda do PLTA prevê para o mês de maio a apresentação do Skené na Mostra de Profissões, no dia 3, e dos Contos de Mitologia, no dia 15, na Faculdade de Letras. Já o Curso de Atualização em Civilizações Antigas será retomado no segundo semestre com uma possível visita a sítios arqueológicos da Armênia e da Turquia.

Tatiana Santos