UFMG prepara projeto de adesão ao Reuni
Número de estudantes de graduação poderá aumentar 20% nos próximos anos
A UFMG consolidará, ao longo do mês de outubro, sua proposta de adesão ao Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), lançado este ano pelo governo federal e que prevê o crescimento da oferta de vagas e de cursos de graduação nas instituições federais de ensino superior. A expectativa é que a UFMG aumente em 20% o seu quadro de alunos da graduação, saltando dos atuais 25.500 para cerca de 32 mil estudantes nos próximos cinco anos. Boa parte das novas vagas serão abertas no período noturno.
As universidades federais que aderirem ao Programa receberão recursos para concretizar a expansão. No caso da UFMG, essas cifras poderão variar de R$ 85 a R$ 90 milhões e serão liberadas gradativamente durante o processo de expansão. Além disso, a Universidade receberá, após a assinatura do contrato de adesão, cerca de R$ 13 milhões, que serão usados na preparação de infra-estrutura para comportar esse crescimento, como contratação de professores, construção de pavilhões centrais de aula e formação de pessoal para lidar com novas tecnologias de ensino, como as de educação a distância.
“A UFMG vai trilhar um caminho próprio nesse processo de associação ao Reuni”, afirma o pró-reitor Mauro Braga. Segundo ele, esse trajeto passa, principalmente, por uma expansão voltada para o atendimento de demandas sociais emergentes. Braga cita, por exemplo, a vocação econômica de Belo Horizonte como uma senha para identificar essas necessidades. “A nossa capital já é um pólo de empreendimentos de informática e biotecnologia. Por outro lado, tem tradição como centro de moda, estilismo e cultura”, afirma o professor, mencionando áreas que poderão ser contempladas com novos cursos. Uma delas, conservação e restauração de bens culturais móveis, será oferecida como graduação já no Vestibular 2008 e constitui o primeiro movimento em direção ao cenário delineado pelo Reuni. (Leia mais à página 6).
A inclusão também é outra baliza que orientará a expansão. “Vamos priorizar vagas noturnas, promover alterações no vestibular para reduzir a seletividade social e criar cursos voltados para o desenvolvimento sustentado e não apenas para atender necessidades momentâneas do mercado de trabalho”, afirma Mauro Braga.
O Programa prevê investimentos de R$ 2 bilhões, entre 2008 e 2011, na expansão e reestruturação das instituições federais de ensino superior. Entre as suas diretrizes, estão a flexibilidade curricular nos cursos de graduação, para facilitar a mobilidade estudantil; a oferta de apoio pedagógico aos professores, para que tenham acesso a práticas modernas; e a adoção de mecanismos de inclusão social que ofereçam a estudantes mais pobres a oportunidade de ingresso e permanência nas universidades públicas. A meta do governo federal é que 30% dos jovens entre 18 e 24 anos estejam matriculados na educação superior pública até o fim desta década.
Metas
Apresentado no final de julho às Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes), o Reuni determina o cumprimento de duas metas: o estabelecimento de uma relação de 18 alunos de graduação para cada docente – na UFMG, esse índice é 15,5 – e um percentual de diplomação de 90% – calculado a partir da razão entre estudantes graduados e ingressantes do Vestibular. Na UFMG, a taxa de titulação é de 85%.
Para alcançar a meta de 18 alunos por docente, a UFMG aposta num crescimento não-equivalente de professores e vagas. “A idéia é aumentar em 13% o nosso quadro de professores. Assim, atingiremos o índice exigido pelo Reuni”, explica o professor. Já o crescimento do índice geral de titulação deverá ser alcançado, principalmente, com a melhoria das taxas de diplomação em determinados cursos.
A adesão ao Reuni resultará na criação de vários cursos nos próximos anos. Além da graduação em Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis, que inicia suas atividades em 2008, há pelo menos outros sete cursos com tramitação avançada no âmbito da UFMG: Estilismo, Design, Engenharia Ambiental, Engenharia Aeroespacial, Administração do Agronegócio, Engenharia Florestal e Engenharia de Alimentos.
Os três últimos estão vinculados ao Núcleo de Ciências Agrárias (NCA), em Montes Claros. Além deles, outros projetos, com tramitação mais recente, estão engatilhados: Engenharia Agrícola e Ambiental, Gestão Ambiental e Agroecologia, Química Industrial e Licenciatura em Ciências. Quando todos estiverem efetivamente criados, o NCA passará a oferecer 340 vagas no Vestibular, frente às 80 hoje ofertadas pelos cursos de Agronomia e Zootecnia.
Oportunidade única
“Aí, sim, teremos um campus na cepção do termo”, comenta o vice-diretor do NCA, Ernane Martins, referindo-se à denominação campus regional de Montes Claros. “Somos um campus do ponto de vista da área física – o que nos credencia a crescer –, mas não do ponto de vista de vagas, que ainda são reduzidas”, justifica Martins. Ele classifica o Reuni como “oportunidade ímpar” para o NCA. “Dificilmente teremos outra chance para a melhorar a nossa infra-estrutura de ensino e atender à demanda regional por ensino superior”.
Nas unidades de Belo Horizonte, o sentimento é parecido. A Congregação da Faculdade de Farmácia aprovou a inclusão de dois novos cursos na proposta que a UFMG encaminhará ao MEC: o noturno de Farmácia, com 100 vagas no Vestibular, e o de Biomedicina, com 60 vagas. A previsão é de que ambos comecem a funcionar em 2009. “Esses números ainda não estão fechados, porque dependem da participação de outras unidades, como ICB, ICEx, Fafich, Face e Medicina”, explica a diretora da Faculdade, Jane Maciel Almeida Baptista. Lá o impacto também será expressivo: as atuais 132 vagas diurnas ofertadas no Vestibular para um único curso – Farmácia – mais do que dobrarão, atingindo o total de 292 vagas.
Unidades com perfil diferenciado também estão se mobilizando. É o caso da Escola de Música, que hoje oferece 46 vagas no Vestibular. “Queremos dobrar esse número”, anuncia o diretor Lucas Bretas. A contribuição da Unidade à proposta de expansão da UFMG prevê a criação de uma licenciatura noturna em Música e bacharelados em Música Popular e Musicoterapia.