Ergometria do menor esforço
Aparelho de ginástica desenvolvido por equipe da UFMG possibilita aos idosos vida mais saudável gastando menos energia.
Foca Lisboa |
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O protótipo do ciclo ergômetro possui um circuito que controla a velocidade e a frequência da pedalada
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Melhor desempenho com menor esforço. Esse é o objetivo do ciclo ergométrico com controle de torque e velocidade - aparelho parecido com bicicletas ergométricas encontradas nas academias de ginástica - desenvolvido por equipe interdisciplinar da UFMG, coordenado pelo professor Marcos Pinotti do Departamento de Engenharia Mecânica.
O envelhecimento provoca, inevitavelmente, perda de massa e força muscular. Por isso, os exercícios que executam grandes esforços podem ser maléficos, agravando graves danos aos sistemas osteomusculares e cardiovasculares. Por outro lado, é uma atividade física que desacelerará o processo natural de redução da musculatura.
Foi exatamente o método de conciliação física com menor gasto de energia que uma equipe, composto por especialistas das áreas de engenharia mecânica, engenharia elétrica, fisioterapia e educação física, projeto ou equipamento, já patenteado pela UFMG. A ideia, segundo ou fisioterapeuta Breno Gontijo, doutor em engenharia mecânica, surgiu com base na experiência de seres vivos vivos que tentam executar para empreender empreendidas mais longas e desgastantes. “Os pássaros migratórios são um bom exemplo. Para concluir todo o percurso, eles precisam moderar ou usar a força ”, explica. Para isso, o ciclo ergométrico contém características bastante diferentes das bicicletas ergométricas comuns.
Para girar os pedais no ciclo de ergômetro, o usuário não precisa fazer muita força, pois eles não têm muita resistência ao movimento. Diferentemente das bicicletas comuns, é possível regular a intensidade do exercício de modo a alcançar o mínimo esforço. “Não se usa peso aplicado nos pedais. O ciclo possui um circuito que controla a velocidade e a frequência da pedalada ”, explica Breno. Esse controle é responsável por conduzir ou praticar um consumo ótimo de energia, apresentado por um painel luminoso, localizado próximo ao guidão, para quem é autodisciplina e não perde o ritmo da atividade.
Outro diferencial do aparelho é o selim em forma de cavalo. Os bancos comuns, triangulares, oferecem apoio total à coluna. Já o ciclo é estreito em toda a sua extensão. “O selim provoca oscilação na coluna do paciente, obrigando-o a um esforço para se equilibrar. Isso ajuda no fortalecimento da musculatura dessa região ”, diz.
Testes
Em 2009, o ciclo de ergômetro com controle de torque e velocidade foi testado por três meses em um grupo de 30 mulheres idosas e sedentárias, e os resultados foram positivos. Antes da bateria de testes, foram feitos diversos exames, incluindo sangue, e constatou-se que os voluntários possuíam taxas significativas de marcadores de células inflamatórias, que funcionam como indicadores da quantidade de inflamações. Essas células são comuns e o aumento delas com a idade é natural. Porém, o combate a elas é necessário, já que as taxas menores são a garantia de um organismo mais saudável. No final dos testes, em novembro, novos exames foram feitos e verificados-se que são relevantes nesses marcadores. Os níveis de interleucina-6, citocina pró-inflamatória cuja presença no organismo aumenta com a idade, diminuindo 1,91pg / ml para 1,56pg / ml.
Outras vantagens
O uso do protótipo também trouxe benefícios para a capacidade aeróbica, de equilíbrio e no controle da pressão arterial. Segundo a fisioterapeuta Tayra Müller, bolsista de iniciação científica à época dos testes, a transformação pela qual passaram as pacientes é visível. “No princípio, elas tinham dificuldade de subir no ciclo ergômetro, de se manter nele e apresentavam deficiências de respiração devido ao despreparo para realizar o esforço físico. No fim, elas já conseguiam montar sozinhas, pedalavam sem tocar o guidão e tinham controle respiratório muito diferente”, aponta ela, citando também a melhoria dos níveis de pressão arterial.
O protótipo do ciclo ergômetro será levado à Feira de Tecnologias Assistivas 2010, no Rio de Janeiro, entre 23 e 26 de agosto. Ele figurará no estande da UFMG junto com outras 13 inovações desenvolvidas por professores e estudantes da Universidade.
Aparelho: Ciclo Ergômetro com controle de torque e velocidade
Inventores:André Saraiva de Lacerda Costa, Breno Gontijo do Nascimento, Claysson Bruno Santos Vimieiro, Leszek Antoni Szmuchrowski e Marcos Pinotti Barbosa