BH sedia conferência internacional sobre saúde urbana

Maconha e aborto: polêmicas à vista

Um dos conferencistas do eixo “Promoção da saúde nas organizações”, o cardiologista Julizar Neto, médico sênior da Petrobras, afirma que o Brasil é bastante avançado nas normas que orientam a saúde e a segurança no trabalho. Mas, segundo ele, as ações ainda estão muito restritas ao cumprimento da legislação trabalhista e, quanto muito, à atividade física, à alimentação saudável e ao controle da dependência química entre funcionários. “Uma proposta é além do que já é praticado e abranger outras dimensões - espiritual, social, emocional, ou desenvolvimento intelectual do trabalhador, a capacidade dele para o exercício de suas atividades, o desenvolvimento de novas habilidades e a autoestima”, exemplifica.

Duas sessões interativas prometem levar polêmica ao Congresso. Uma delas, coordenada pelo professor do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina, Ênio Pietra Pedroso, será sobre o uso medicinal da Cannabis sativa, a maconha. Ele defende amplo debate sobre drogas por parte da sociedade. “O uso de drogas lícitas e ilícitas é um dos problemas de maior gravidade da atualidade, por isso é necessário que seja discutido por um viés educacional – e não somente policial – com a escola, organizações não governamentais e Estado”, afirma.

O debate terá como palestrantes o psiquiatra Antônio Waldo Zuardi, da Universidade de São Paulo (USP), e o professor do Departamento de Farmacologia do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) Fabrício de Araújo Moreira. Ambos desenvolvem estudos sobre o potencial terapêutico da erva.

Outra polêmica em pauta é a descriminalização do aborto, na sessão coordenada pelo professor Edison Corrêa, no Departamento de Pediatria, com participação do frei Cláudio Van Balen e representante da Comissão de Cidadania e Reprodução, Fátima de Oliveira, prestando atenção ao movimento feminista . Edison Corrêa não espera que o debate termine com uma posição definitiva sobre o assunto, mas ressalte que uma ideia é aprofundada. “A Faculdade de Medicina assume um papel social ao oferecer abertura para um assunto da sociedade, que geralmente não está na sala de aula”, avalia Corrêa.