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Tecnologias para recuperar

Fapemig financiará pesquisas dedicadas à revitalização da Bacia do Rio Doce alcançada pela lama da barragem que se rompeu em Mariana; programa da UFMG cadastra grupos e estimula ações continuadas nas áreas afetadas

A fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) lançou, no início do mês, chamada para financiar projetos de pesquisa que resultem em tecnologias para recuperação da Bacia do Rio Doce, profundamente afetada pelo rompimento da barragem da Samarco Mineração, em Bento Rodrigues, subdistrito de Mariana, região central de Minas Gerais.

 

A iniciativa é fruto de parceria entre a Fapemig, a Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). A previsão é de que sejam investidos cerca de R$ 6,7 milhões nos projetos aprovados. A chamada contempla quatro linhas temáticas: Recuperação do solo, Recuperação da água, Recuperação da biodiversidade e Tecnologias sociais.

 

O diretor científico Paulo Beirão, que é professor do ICB, explicou que as linhas de pesquisa foram identificadas em workshop organizado em dezembro, pela Fapemig, do qual participaram representantes de toda a comunidade científica de Minas Gerais e do Espírito Santo. "Há uma série de tecnologias desenvolvidas para o Rio Doce e para o campo da mineração apoiadas por editais anteriores. O objetivo agora é consolidá-las e aplicá-las imediatamente".

 

As propostas podem ser submetidas até 7 de março. De acordo com o presidente da Fapemig, Evaldo Ferreira Vilela, o que se espera são produtos e tecnologias que apresentem soluções para problemas que atingem as regiões afetadas. "Os projetos podem até resultar em artigos e livros, mas não é este o foco. Buscamos tecnologias para ajudar na recuperação do meio ambiente e que levem em consideração as populações afetadas". Por isso, a chamada prevê que, a cada seis meses, os pesquisadores forneçam relatórios de acompanhamento para verificar os avanços das iniciativas.

 

A Fapemig também firmou acordo de cooperação com a Fapes para elaboração de nova chamada pública com foco na recuperação das condições socioambientais dos municípios afetados pelo rompimento da barragem. Ela vai privilegiar propostas em rede, ou seja, apresentadas por grupos que incluam pesquisadores dos dois estados. Outro acordo, este formalizado com a Capes, prevê a colaboração mútua para implementação de ações e programas que visem ao aprimoramento de competências na área de desastres naturais.

 

"É impossível buscar uma solução sustentável para o rio sem esforços articulados de pesquisa nos dois estados", declarou o presidente da Fapes, José Antonio Bof. Ele lembrou que, no caso do Rio Doce, o edital lançado pela Fapemig foi formulado com base em informações fornecidas por pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo. "Esse edital vai mobilizar grupos que já trabalham voluntariamente no mapeamento das consequências do desastre. Com ele, será possível focalizar estrategicamente as soluções", defendeu.

 

Participa UFMG

 

A vice-reitora Sandra Goulart Almeida destacou que o edital surge no momento em que a Universidade mapeia grupos e ações de pesquisa e extensão que poderão atenuar os impactos da tragédia. "Ele vai ao encontro do Participa UFMG", disse ela, referindo-se à denominação dada ao esforço institucional e acadêmico de articular grupos de trabalho para o diagnóstico dos danos e possível reconstrução das áreas atingidas pelo rompimento da barragem por meio da estruturação de banco de dados de projetos e de especialistas e de estímulo ao desenvolvimento de ações continuadas.

 

O programa também vai estimular o desenvolvimento de ações continuadas. "A ideia do Participa UFMG é motivar toda a comunidade, estabelecendo e organizando formas que viabilizem o envolvimento voluntário dos integrantes de nossa comunidade. ­Buscamos a criação de um cadastro espontâneo e que expressa o compromisso ético e social da UFMG com o país", afirma o reitor Jaime Ramírez. Segundo ele, muitos grupos e especialistas da Universidade já estão comprometidos com o processo de reconstrução da região afetada pelo rompimento das barragens.

 

O Participa UFMG dá sequência às iniciativas da Pró-reitoria de Extensão (Proex) para definir um plano de ação da Universidade em favor da população atingida. As atividades foram iniciadas no dia 27 de novembro, quando a pró-reitora adjunta de Extensão, Cláudia Mayorga, visitou Mariana e região, acompanhada de moradores e integrantes da Pró-reitoria de Extensão da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop).

 

"Na visita, confirmamos que a reconstrução ocorrerá em médio e longo prazos, tanto numa perspectiva material – de saúde e moradia – quanto na perspectiva do cotidiano, envolvendo educação e trabalho", afirma Cláudia Mayorga.

 

(Com informações da Fapemig)

Da redação