A ordem é integrar
UFMG e governo de Minas firmam parceria para articulação acadêmica e pedagógica entre os ensinos superior e básico
Escolas da rede pública estadual já podem manifestar interesse em aderir ao Programa de Integração do Ensino Básico com o Ensino Superior (Piebes), elaborado pela UFMG com o objetivo de desenvolver ações estruturantes para a melhoria da qualidade do ensino. No âmbito do projeto, alunos de licenciaturas farão estágios organicamente articulados com as necessidades de cada escola, e atividades de extensão desses e de outros cursos de graduação, envolvendo também as comunidades do entorno das escolas.
Em reunião no campus Pampulha, no último dia 13, com diretores e supervisores de escolas da rede, o pró-reitor de Graduação, Ricardo Takahashi, e a pró-reitora adjunta de Extensão, Cláudia Mayorga, apresentaram detalhes da proposta e informaram que, após a adesão, espontânea, projetos específicos serão construídos para cada escola, por meio do diálogo entre as partes. “A Universidade os convida a ser parceiros”, enfatizou Takahashi. Uma das proposições do Programa é oferecer aos alunos de licenciatura formação universitária apoiada na rede de educação básica, que irá prover o ambiente para a significação do conhecimento adquirido.
“Essa formação de significado implica tanto a incorporação de conhecimento de cunho prático ao repertório do futuro docente, contextualizado em situações reais de trabalho, quanto o envolvimento intelectual e afetivo do estudante com a cultura, com os desafios e com os compromissos que caracterizam o trabalho de docência”, ressalta o pró-reitor de Graduação. Ao lembrar que o país tem o desafio, para os próximos anos, de melhorar a educação básica, Takahashi afirmou que as universidades podem cumprir importante papel e que a UFMG quer articular melhor sua colaboração com a rede pública, com a perspectiva de produzir ações que façam a diferença.
Trata-se de esforço que a Universidade vem fazendo de aproximação com a rede pública
Resultado de discussão com a Secretaria de Educação, iniciada pela Pró-reitoria de Extensão em 2014, o Piebes prevê articulação orgânica dos estágios das licenciaturas com as atividades das escolas envolvidas, ações de extensão da Universidade nelas centradas, com apoio a programa de aperfeiçoamento, formação continuada de docentes, pesquisas conjuntas para o avanço do conhecimento na área da educação e a melhoria do ensino. “Trata-se de esforço que a Universidade vem fazendo de aproximação com a rede pública – neste momento com a rede estadual – a fim de coordenar ações que hoje ocorrem de forma pulverizada”, comenta Takahashi. A ideia é que os estudantes de graduação tenham planos claros de trabalho e que, de acordo com o planejamento da escola, haja uma permanente atuação interdisciplinar, por alunos de cursos diversos, como matemática, artes e letras. A UFMG recebe cerca de mil alunos por ano em seus cursos de licenciatura.
Extensão
A proposta também tem como meta cumprir item do Plano Nacional de Educação (PNE), de 2014, que prevê que 10% dos créditos da carga horária de cursos de graduação sejam obtidos em atividades e projetos de extensão. Ao explicar que a proposta é pautada pela indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, a professora Cláudia Mayorga descreveu os princípios que orientam a extensão universitária e que também estão na base do Piebes, como a interdisciplinaridade. “É fundamental transpor barreiras disciplinares também nas escolas”, ressaltou.
A pró-reitora adjunta de Extensão citou ainda os princípios da dialogicidade, que supõe o respeito à diversidade de vozes e de posições, da formação do estudante, da transformação social, da formação continuada de professores e da divulgação científica. Sobre o diálogo com a educação básica, Cláudia Mayorga comentou que “ele é extremamente frutífero e pode ter resultados e impactos muito fortes, como a dimensão da transformação social, ao fortalecer a perspectiva de uma escola pública de qualidade, situando, inclusive, a Universidade no horizonte desses estudantes”.
Presente à reunião, a coordenadora de políticas de formação dos profissionais em educação da Secretaria de Educação de Minas Gerais, Gláucia Aparecida Vieira, informou que o termo de cooperação técnica criado no âmbito das discussões sobre o Piebes pretende acolher todas as possíveis parcerias entre grupos da UFMG e as escolas. “Consideramos importante não só a perspectiva de reorganização dos estágios, mas também outras possibilidades, como os projetos de extensão universitária, a formação continuada dos professores e a capacitação dos novos docentes, que, no futuro, vão integrar a rede de educação, para que eles já tenham conhecimento da realidade do ensino básico”, afirmou.