Ciência em quadrinhos

Docência a distância

Projeto de grupo da Arquitetura elabora e dissemina sistemas de teletrabalho para atividades de ensino, pesquisa e extensão

Há quase 20 anos, quando iniciou seus estudos na graduação, a professora Ana Cecília Rocha Veiga, da Escola de Arquitetura, já se apoiava no trabalho a distância, usando fax, e-mail e ICQ – era o que havia na época. Em suas atividades docentes, manteve o hábito e, há cerca de uma década, lida com alunos e desenvolve projetos utilizando as melhores ferramentas disponíveis para o teletrabalho. Sua convicção da eficiência desse método e a intimidade que tem com a tecnologia motivaram projetos de pesquisa, e Ana Cecília já explora, no dia a dia, soluções que ela pretende disseminar para outros professores.

Ana Cecília: sistemas reforçam engajamento
Ana Cecília: sistemas reforçam engajamento Foca Lisboa / UFMG

A pesquisa TIC [tecnologias da informação e comunicação] e CMS [sistemas de gerenciamento de conteúdo] aplicados ao teletrabalho em ensino, pesquisa e extensão gerou, como primeiro produto, o Portal dos Orientandos, espaço virtual para os bolsistas e orientandos de Ana Cecília. O portal, que tem como suporte a plataforma Wordpress, dispõe de recursos como intranet com seções individualizadas, rede social própria, softwares de gestão de projetos aplicados à pesquisa e à orientação, fórum, grupos e notificações, entre outros.

Realizada no âmbito do grupo Gestão de Projetos, Arquitetura Efêmera e Tecnologia de Museus (Graft), a investigação focaliza  vantagens e desafios do teletrabalho, as ferramentas (intranet, extranet, nuvens),  gestão virtual de projetos acadêmicos,  produção de conhecimento e educação a distância, flexibilização de tempo e espaço e sustentabilidade.

“Além de otimizar o tempo e proporcionar economia de recursos, na medida em que reduzem deslocamentos, os sistemas que estamos implantando evitam dispersão, diminuem o peso da subjetividade na relação aluno-professor, aumentam o engajamento e asseguram o registro de todas as ações”, afirma Ana Cecília Rocha Veiga. Ela lembra que todo professor atua a distância quando utiliza, por exemplo, o e-mail. O que defende é um sistema feito “de ferramentas poderosas e simples, baseadas em programas gratuitos e intuitivos”.

Intranet e rede social

A pesquisa também vai gerar sistemas para uso com turmas de graduação e pós-graduação. À frente da disciplina Noções de Arquitetura e Urbanismo, no curso de Engenharia Civil, Ana Cecília planeja uma rede social de ex-alunos, que ­teriam acesso à intranet, e a abertura de ­conteúdos para estudantes e profissionais em todo o país.

Um grupo de pesquisa, por sua vez, poderá se beneficiar de programas de gestão com cronograma, designação de tarefas e armazenamento de arquivos, em modelos que poderão ser adaptados a diferentes áreas do conhecimento. No caso de atividades de extensão, como as exposições, é importante que o sistema ofereça mecanismos como checklists e roteiros e contenha tutoriais destinados a pessoas de fora da academia. A pesquisadora conta que, no tempo em que dirigiu o Museu da Escola de Arquitetura, acompanhava detalhes da produção da equipe por meio do software de gestão. “O coordenador pode deixar as coisas caminharem e cobrar apenas quando algo não vai bem. A equipe ganha autonomia e sabe que pode pedir ajuda a qualquer momento”, explica Ana Cecília.

O português Roberto Vaz, bolsista de convênio da UFMG com o Museu das Minas e do Metal e com o Instituto Politécnico de Bragança (Portugal), tem uma reunião presencial com Ana Cecília a cada três meses, para ajustes finos. Fora isso, eles se comunicam por e-mail, celular e pela extranet Collabtive, programa de código aberto hospedado no Laboratório Virtual do Graft. “É prático, porque estão ali todas as fichas, organizadas por temas, tarefas em ordem cronológica, histórico de mensagens. E posso falar com os outros usuários a qualquer momento”, testemunha o pesquisador.

O contato presencial não é fundamental para a formação do estudante? Ana Cecília responde que sim, mas argumenta que muitas tarefas dispensam esse contato. “A orientação virtual eleva a produtividade e a qualidade. Os encontros presenciais ficam reservados para questões delicadas, como a mudança de rumos do trabalho e até discussão de problemas emocionais que estejam interferindo nos estudos.”

A professora deseja estabelecer interações com instâncias que lidam com educação a distância e metodologias de ensino e conhecer experiências semelhantes na UFMG, que poderão ser compartilhadas no site.

Itamar Rigueira Jr.