Economia do desastre

Extensão Valorizada

Proex abre consulta sobre a integralização de créditos curriculares pela participação em ações extensionistas nos cursos de graduação da UFMG

Benigna e Adriano: mapeamento de atividades passíveis de creditação
Benigna e Adriano: mapeamento de atividades passíveis de creditação Carol Prado/UFMG

O Plano Nacional de Educação (PNE 2014-2024) estabelece que ao menos 10% do total de créditos curriculares exigidos para a graduação sejam preenchidos por programas e projetos de extensão universitária, com prioridade para áreas de maior relevância social. Com o objetivo de ampliar o espaço dessa dimensão acadêmica no percurso dos estudantes de graduação, a Pró-reitora de Extensão abriu consulta aos colegiados de graduação e centros de extensão acerca da integralização de créditos curriculares pela participação em ações de extensionistas. 

“Pretendemos mapear as ações de extensão já ­creditadas e identificar outras passíveis de creditação nos cursos de graduação da UFMG”, informa o professor Adriano Nascimento, diretor de Avaliação da Extensão. De acordo com a pró-reitora de Extensão, professora Benigna Maria de Oliveira, existe grande expectativa em relação aos resultados da consulta, que termina no próximo dia 24. “Levantamento anterior revelou que 90% dos cursos já previam alguma forma de integralização, e acreditamos que esse número poderá ser ampliado, assim como as formas de creditação”, afirma.

Nessa direção, as pró-reitorias de Extensão e de Graduação têm desenvolvido estratégias para o cumprimento da meta do PNE, como o edital de fomento a iniciativas de formação em extensão universitária, que está em sintonia com a Resolução 12/2015, de 22 de setembro de 2015, aprovada pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe). “Na primeira edição desse edital, em 2016, foram aprovadas nove propostas. Em reunião de avaliação com os coordenadores dos projetos, constatamos significativa demanda por parte dos estudantes e impacto nas comunidades parceiras. Diante do retorno positivo, decidimos ampliar o edital, com previsão de lançamento no próximo mês.”

Teoria e prática

Um dos exemplos de creditação curricular que tem alcançado bons resultados vem da Escola de Veterinária da UFMG, com as Aulas Práticas Integradas de Campo (Apic). Essa ação de interface ensino-extensão surgiu em 1978 por demanda dos próprios estudantes, que sentiam falta de aplicar os conceitos estudados na teoria. Durante uma semana, alunos e professores visitam em média 20 propriedades rurais e realizam diversas atividades, o que possibilita contato com diferentes sistemas de produção rural, como explica a professora Kelly Moura Keller: “Buscamos integrar a UFMG e a comunidade; nosso objetivo é interagir, atendendo às reais

necessidades da localidade que nos recebe”.

A Apic é uma disciplina optativa, ofertada três vezes por semestre, da qual participam alunos regularmente matriculados, a partir do sétimo período, além de voluntários e residentes de pós-graduação. “Temos 40 alunos matriculados na primeira turma de 2017 e outros oito alunos, entre voluntários e pós-graduandos”, informa. “Nosso atendimento é direcionado aos pequenos produtores rurais que geralmente não têm acesso a qualquer tipo de assistência técnica. Todas as atividades são executadas por demanda. Se, de um lado, a comunidade se interessa pela presença da Universidade no local, de outro, o estudante, que está finalizando seu processo de formação profissional, se vê diante de uma oportunidade real de trabalho”, enfatiza Kelly.

Outro projeto também contemplado pelo edital de fomento a iniciativas de Formação em Extensão Universitária é o Escolas Saudáveis, coordenado pelo Departamento de Odontologia Social e Preventiva da Faculdade de Odontologia. Desenvolvido desde 2011 em escolas de ensino fundamental da rede municipal de Belo Horizonte, mantém interface com as ações do Programa Saúde na Escola (PSE), mantido pelo governo federal. A iniciativa já promoveu oficinas sobre higiene, alimentação e hábitos saudáveis, cultura de paz, saúde bucal, entre outros temas, com resultados positivos para a mudança de hábitos dos estudantes e da comunidade escolar.

A professora Efigênia Ferreira e Ferreira, coordenadora do Programa de Extensão de Saúde Bucal, ao qual o Escolas Saudáveis está vinculado, considera a extensão uma dimensão fundamental na formação do aluno, que concilia a prática com a reflexão teórica. “A creditação é feita na Faculdade de Odontologia há muito tempo e rende um crédito a cada 15 horas de participação em ações de extensão. Já o Escolas Saudáveis confere até oito créditos”, informa. De acordo com a professora, a creditação estimula a participação dos alunos, pois “eles percebem que o que fazem na extensão vale tanto quanto se estivessem em sala de aula, em uma disciplina interna”.

A discussão sobre creditação curricular também consta da programação do 48º Encontro Regional do Fórum de Pró-reitores da Extensão das Instituições Públicas de Educação Superior (Forproex) Sudeste, que ocorrerá de 5 a 7 de abril, no campus Pampulha, integrando as comemorações dos 90 anos da UFMG. A programação e outras informações sobre o encontro estão disponíveis em http://bit.ly/2nMetTV.

*Assessora de Comunicação da Pró-reitoria de Extensão

Zirlene Lemos