Do capital à liberdade digital

Na vanguarda da imagem

Laboratório do ICB inaugura microscópio confocal de última geração

Microscópio de alto desempenho acaba de ser instalado no Center for Gastrointestinal Biology do Departamento de Morfologia do Instituto de Ciências Biológicas (ICB). Além de multiplicar as possibilidades de aquisição e análise de imagens, o equipamento amplia a capacidade de visualização de fenômenos que, por serem muito rápidos, eram perdidos na microscopia confocal convencional. 

Fruto de parceria com a Nikon, estabelecida pelo professor Gustavo Menezes, que coordena o laboratório, a instalação do equipamento inaugura o funcionamento do primeiro Nikon Center of Excellence (Nikon CofE) no país e o segundo no hemisfério Sul (o outro, menor, funciona na Argentina). Adaptado para ensaios com animais vivos, o centro é o único – entre os 20 instalados no mundo – que funciona dentro de um laboratório de pesquisa e anexado a uma sala de cirurgia na qual os animais podem ser operados e imediatamente visualizados em microscopia intravital.

O equipamento foi apresentado e inaugurado oficialmente na última terça-feira, dia 16, com palestras do vice-presidente mundial da Nikon, James Hamlin, do especialista em estratégia de vendas de sistemas James Andy Davis e do professor Gustavo Menezes, diretor do Centro de Excelência.

Varredura em 32 canais

Segundo Gustavo Menezes, o novo equipamento apresenta diversas vantagens frente aos microscópios confocais convencionais, como a utilização de sete lasers, para fazer varredura de indefinidos comprimentos de ondas, e uma gama muito maior de canais para obtenção de imagens de diferentes tecidos, moléculas e células, sendo capaz de fazer varredura espectral em até 32 canais simultaneamente, enquanto os outros têm no máximo quatro. “Isso amplia muito a utilização de reagentes já padronizados em nosso laboratório e em diversos grupos de pesquisas aqui mesmo na Universidade”, informa o pesquisador.

O professor também destaca o módulo de leitura do novo equipamento, que faz 400 imagens por minuto, comparadas às 60 imagens por minuto obtidas pelos confocais convencionais. Comparado aos outros centros de excelência da Nikon instalados no mundo, o da UFMG é o único adaptado para ensaios com animais vivos e aliado a um laboratório de pesquisa.

“A maior parte dos Nikon CofE são centros multiusuários ­localizados em ambientes específicos dentro de institutos, o que às vezes dificulta a utilização de animais vivos. O nosso está dentro do laboratório de pesquisa Center for Gastrointestinal Biology, anexado a uma sala de cirurgia”, ressalta Menezes.

Menezes explica que a sala de cirurgia também é fruto de parceria – foi planejada em termos de ergonomia por uma empresa finlandesa que fez modificação completa na mesa cirúrgica, adaptando apoio de braço e cadeiras, para que as cirurgias sejam de alta precisão. “Trata-se de estrutura de vanguarda, criada na UFMG e que vai servir a toda a América Latina no que se refere a tecnologia de microscopia confocal: além de um microscópio de extrema capacidade, o laboratório tem um segundo microscópio confocal e a sala completamente adaptada para cirurgias de alta precisão”, enfatiza o professor.

Gustavo Menezes com pesquisadoras do laboratório: equipamento gera 400 imagens por minuto
Gustavo Menezes com pesquisadoras do laboratório: equipamento gera 400 imagens por minuto Foca Lisboa/UFMG

Para ele, a estrutura confere à UFMG a condição de produtora de tecnologia, uma vez que uma das prerrogativas do centro de excelência é testar protótipos de microscópios que ainda não foram lançados no mercado. A intenção é tornar a UFMG um polo para receber pesquisadores de outros países que queiram aprender a lidar com essa tecnologia.

Técnicas combinadas

Coordenado por Gustavo Menezes e composto por alunos e professores das áreas de nutrição e de ciências biológicas, o centro multidisciplinar da UFMG que abriga o Nikon CofE desenvolve pesquisas em que se combinam técnicas de biologia molecular, expressão gênica e microscopia intravital confocal.

Além de realizar os próprios projetos, sempre focados na biologia do trato gastrointestinal, o Center for Gastrointestinal Biology mantém colaborações com diversos grupos da UFMG, de outras instituições brasileiras e estrangeiras, na transferência de tecnologia em geração de imagens de alta qualidade, incluindo imagiamento de animais vivos.

[Matéria publicada no Portal UFMG, Notícias da UFMG, em 15/05/2017]

Ana Rita Araújo