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A vez dos egressos

Workshop vai discutir experiências de inserção profissional e monitoramento de pessoas formadas na UFMG

A inserção e a trajetória dos egressos de um curso no mercado de trabalho podem revelar muito sobre a instituição que os formou. Podem também oferecer elementos para discussões sobre reforma curricular e outros aspectos da vida acadêmica, como ingresso, oferta e qualidade de cursos, efeitos de programas de cotas e dispositivos de permanência e importância dos estágios na inserção profissional. O tema “egressos” será objeto de workshop nesta quarta-feira, 6, no campus Pampulha, com a participação de pesquisadores de diversas unidades acadêmicas que vão apresentar estudos concluídos ou em andamento.

O evento ocorre no âmbito do Colóquio Educação superior: dimensões e perspectivas transdisciplinares, do Instituto de Estudos Avançados Transdisciplinares (Ieat). Segundo a professora Daisy Cunha, que coordena o Colóquio com o professor Estevan Las Casas, a iniciativa tem múltiplos objetivos, entre os quais, discutir os diferentes referenciais teórico-metodológicos e os vários recortes adotados na observação desse objeto de pesquisa.

Os participantes também vão discutir experiências, práticas e políticas de estimulo à inserção profissional e debater impasses no monitoramento do tema “egressos” na UFMG e em outras instituições de ensino superior, de modo a atender às definições do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes). 

É intenção dos organizadores que os debates iniciados nesse workshop se desdobrem em outros encontros e contribuam para a elaboração de uma política institucional sobre o assunto. De 2013 a 2016, 4.548 estudantes concluíram cursos de graduação na UFMG e, no mesmo período, 4.023 concluíram cursos de pós-graduação.

Horizonte

Na apresentação do caderno de resumos que será distribuído aos participantes, os organizadores comentam que os debates, em todas as edições do Colóquio, têm por guia a reflexão sobre a pertinência de uma abordagem interdisciplinar e transdisciplinar na graduação e na pós-graduação. Essa orientação também pressupõe a incorporação da experiência de trabalho de gestores, professores e pesquisadores sobre o assunto, de maneira articulada com as vivências de alunos e profissionais recém-formados e com alguma  experiência no mercado de trabalho.

“Neste semestre, abordaremos a situação dos egressos e articularemos nossas ações com diversos setores, serviços e pesquisadores da UFMG que têm interesse institucional e de pesquisa no assunto”, informa Daisy Cunha, que integra o Comitê Diretor do Ieat para a cadeira de humanidades e docente do Departamento de Administração Escolar da Faculdade de Educação (FaE).

De acordo com a professora, o tema está no horizonte institucional há algum tempo e é objeto de pesquisa instalado em algumas unidades acadêmicas, “mas de forma isolada”, embora também tenha sido objeto de iniciativas institucionais. “Aqui na FaE existem muitos pesquisadores que se ocupam desse tema, além de estudos isolados nas licenciaturas. Há também pesquisas no Departamento de Sociologia e na Faculdade de Ciências Econômicas (Face)”, enumera a professora.

Sala de aula no CAD 1: debates iniciados no evento poderão ser o ponto de partida para formulação de política institucional sobre os egressos
Sala de aula no CAD 1: debates iniciados no evento poderão ser o ponto de partida para formulação de política institucional sobre os egressos Lucas Braga/UFMG

Depois de realizar levantamento para mapear os trabalhos concluídos e em andamento, o Ieat convidou os pesquisadores a relatar suas experiências no workshop, que será dividido em 13 relatos e terá uma plenária final, para discussão de produtos e desdobramentos.

Entre os estudos que serão apresentados, está a pesquisa As políticas de ações afirmativas no ensino superior: continuidade acadêmica e o mundo do trabalho, financiada pelo Ministério da Educação e realizada por rede de universidades sob a coordenação do Programa Ações Afirmativas na UFMG. 

Com o objetivo de contribuir com as iniciativas de acompanhamento e avaliação do desenvolvimento das políticas de ações afirmativas em vigor nas instituições de educação superior, o trabalho procura verificar, por exemplo, como tem sido a inserção dos estudantes negros e indígenas egressos das ações afirmativas no mundo do trabalho e na pós-graduação. “Trata-se de uma pesquisa em andamento e bastante ampla. Por essa razão, pretendemos abordar no workshop alguns dados iniciais acerca dos cotistas egressos da UFMG”, informa no resumo o coordenador da pesquisa, professor Rodrigo Ednilson de Jesus.

Também serão debatidos estudos sobre trajetória docente de egressos do curso de licenciatura em Educação do campo, perfil dos egressos do curso de pedagogia presencial que concluíram o curso nos anos de 2011 e 2012, resultados de uma pesquisa de doutorado que investigou os rendimentos materiais e simbólicos do diploma de licenciatura em língua inglesa para egressos do curso de Letras da UFMG e a contribuição da Iniciação Científica na formação de psicólogos.

Em outro momento, serão discutidos aspectos da chamada “evasão docente”, ou seja, alunos de licenciatura que concluem o curso e que abandonam a carreira. Trabalho realizado no âmbito do programa institucional Sempre UFMG vai abordar a identificação e a vinculação dos egressos com a Instituição. 

O workshop UFMG Pesquisa Egressos será realizado no audi­tó­rio 1 da Face, campus Pampulha. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas nesta página

Ana Rita Araújo