As ameaças da carne

Da colônia à república

Obra refaz os caminhos da educação mineira nos últimos três séculos

Especialistas, pesquisadores, educadores e leigos interessados em conhecer,  em profundidade, a evolução do ensino em Minas nos últimos 300 anos ganharam uma obra de referência: História da educação em Minas Gerais: da Colônia à República, organizada pelos professores Luciano Mendes de Faria Filho, da Faculdade de Educação da UFMG, e Carlos Henrique de Carvalho, da Universidade Federal de Uberlândia.

Lançado oficialmente em maio deste ano, no Congresso Mineiro de História da Educação, em Diamantina (MG), o livro foi concebido em 2015, como forma de reunir o trabalho consolidado de 33 pesquisadores – sobretudo mineiros – sobre o tema. O objetivo era traçar o cenário em que emergem as múltiplas realidades e tendências do desenvolvimento da educação desde os tempos do Brasil Colônia e pôr em debate as perspectivas atuais para o campo. Nesta quinta-feira, 29, a partir das 17h30, a obra será lançada no Auditório Neidson Rodrigues, da Faculdade de Educação. 

“Embora não haja uma obediência estrita aos marcos cronológicos rígidos, já que muitos dos textos começam a tratar do século 18, mas adentram o século 19, no período pós-independência, acabamos fazendo essa demarcação entre os três períodos históricos, importante para o público. Há abordagens muito distintas, algumas mais centradas na escola, outras menos. O livro tenta, de alguma maneira, também contemplar a prática de uma educação não aprisionada à escola, que também se fez presente ao longo da história de Minas”, conta Luciano Mendes. 

O professor afirma que, em Minas Gerais, há um interesse especial pelo estudo da educação no período colonial. “A obra, em seu primeiro volume, disponibiliza informações que possibilitam aos professores do ensino básico e das universidades entenderem a constituição da educação no século 18 e da escolarização da capitania de Minas Gerais do Brasil Colônia e seus impactos, oferecendo uma dimensão dos processos educativos não escolares”, explica. Mendes acrescenta que, a partir do período imperial, “os trabalhos identificam os movimentos de institucionalização da escola, que se estabelece também como local de socialização, guarda e formação, para além da instrução”.

Universalização

Luciano Mendes destaca que, nos volumes seguintes, referentes ao Império e à República, não emerge apenas a formalização da educação sob a égide da escola e da cultura letrada e escrita. Neles, identifica-se também a forte presença da educação da população negra e periférica. Segundo ele, essa inserção já é mapeada há algum tempo em teses defendidas nos programas de pós-graduação em Educação e História das universidades mineiras, que lançaram olhares originais sobre a escola mineira do século 19. “Essa visão de uma educação elitista nem sempre corresponde às experiências relatadas em muitos trabalhos”, salienta o professor. De acordo com ele, há estudos consistentes que mostram a luta de populações mais pobres para garantir a educação escolar, movimento que atravessa o século 19 e chega ao século passado. “Ali, a dimensão escolar passa definitivamente para o plano do direito, da luta pelo acesso à educação, alcançando os dias de hoje. Talvez essa seja uma das principais heranças que o século 20 entrega ao século 21: a noção de que a educação é um direito de todos e, portanto, deve ser garantida também pelo Estado”, reflete Luciano Mendes de Faria Filho.

Volume 1 Colônia
Volume 1 / Colônia Reprodução
Volume 2 Império
Volume 2 / Império Reprodução
Volume 3 República
Volume 3 / República Reprodução


Livro: História da educação em Minas Gerais: da Colônia à República (três volumes)
Coordenadores: Luciano Mendes de Faria Filho (UFMG) e Carlos Henrique de Carvalho (UFU)
Edição: Editora UFU
Volume 1: 179 páginas / Volume 2: 277 páginas / Volume 3: 416 páginas.
No site da Editora UFU, as versões em formato digital estão disponíveis gratuitamente.

Renata Valentim