Conferência sobre migração de povos indígenas abre o semestre na pós-graduação em Artes
O Programa de Pós Graduação em Artes terá sua aula inaugural na quarta-feira, 11 de março de 2020, às 10h, no Auditório Álvaro Apocalipse da Escola de Belas Artes (EBA). Relacionando identidade, migrações e políticas eurocêntricas, o tema será Povos indígenas do Abya Yala: a etnia Warao como estudo de caso.
A conferência será ministrada pela professora venezuelana Jenny González Muñoz, que abordará a diversidade indígena da América Latina e questões relacionadas à experiência de migração para o Brasil nas últimas décadas do povo Warao, nativo do Delta do Orinoco, Venezuela.
Identidade cultural
O Abya Yalas se estende do México à Patagônia. Antes mesmo da invasão colonizadora europeia do século 15, o território foi habitado por muitos povos ancestrais que lá desenvolveram seus processos sociais, históricos e culturais. Eles transformaram esse espaço em lugar de memória, de encenação de seus mitos e de implementação de suas cotidianidades.
Os povos indígenas mantêm-se em estado permanente de resistência cultural e social, posicionando-se diante dos ataques das culturas ocidentais, com as quais compartilham espacialidades. Historicamente, as suas lutas ganharam terreno principalmente no campo jurídico, resultando em reformas ou criação de leis de proteção dos processos culturais indígenas e dos direitos de cidadania.
No entanto, as crises político-sociais contemporâneas têm levado esses povos a empreender uma espécie de diáspora em busca de melhores alternativas de vida. Paradoxalmente, nas estatísticas eles são classificados como refugiados ou imigrantes estrangeiros, mesmo em movimentação circunscrita ao território Abya Yala. A questão suscita outras lutas contra atitudes discriminatórias e a possibilidade de perda da identidade cultural.
Carreira acadêmica
Jenny é professora, pesquisadora e doutora em Cultura e Arte para América Latina e do Caribe (Upel-IPC). É graduada em Artes (UCV) e mestre em Memória Social e Patrimônio Cultural (Ufpel). Atualmente é professora visitante no Departamento de Artes Plásticas da Escola de Belas Artes.
O mediador será o professor Rafael Fares, doutor em teoria da literatura e literatura comparada pela Faculdade de Letras da UFMG. Atualmente é professor de Produção de Texto na UEMG. Sua pesquisa está centrada na reflexão sobre a produção contemporânea de livros e filmes pelas comunidades indígenas. Foi pesquisador e produtor da exposição Mira! Artes Visuais Contemporâneas dos Povos Indígenas, que contou com a participação de várias etnias de países como Equador, Bolívia, Peru, Brasil e Colômbia.