Seminário na UFMG comemora 30 anos do Núcleo de História Oral
De 11 a 13 de novembro, a Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich) da UFMG sedia a segunda edição do Seminário História Oral: um lugar de interseções, promovido pelo Núcleo de História Oral (NHO) do Laboratório de História do Tempo Presente (LHTP), em parceria com o Programa de Pós-graduação em História da UFMG.
A programação do evento prevê mesas-redondas sobre diversos temas e reunirá debatedores de diferentes instituições e campos do conhecimento. Também inclui a realização de uma entrevista pública. A iniciativa comemora os 30 anos do Núcleo de História Oral, completados em 2019. Confira a programação completa no site do LHTP UFMG.
Segundo a professora Miriam Hermeto, diretora do Núcleo há cinco anos e uma das organizadoras do seminário, tanto no evento quanto nas atividades de pesquisa, a ideia é fomentar a interdisciplinaridade das discussões, característica também presente na proposta do livro Alteridades em tempos de (in)certeza: escutas sensíveis (Editora Letra e Voz), que será lançado no encerramento do evento.
“O que une o trabalho feito no NHO é a metodologia de história oral, que compreendemos como uma ferramenta da área de Ciências Humanas, que abriga pesquisas com temas muito diferentes entre si, mas que dialogam por meio desse método”, pontua Miriam Hermeto.
A mesa de abertura terá caráter celebratório, com a presença de três das fundadoras do NHO: as professoras Lucília de Almeida Neves Delgado, Lígia Maria Leite Pereira e Regina Helena Alves da Silva.
Trajetória interdisciplinar
O NHO é resultado de um projeto coletivo de pesquisa, iniciado em 1989 e posteriormente chamado de Programa de História Oral. Em seus primórdios, era vinculado ao Centro de Estudos Mineiros da Fafich, formado por pesquisadores de diversas unidades acadêmicas da UFMG.
Ao longo das três últimas décadas, o NHO vem pesquisando e documentando a complexidade e a diversidade da vida política, econômica, social e cultural de Minas Gerais e do Brasil. Seu amplo acervo disponibiliza ao público centenas de horas de entrevistas – nos formatos temático e de histórias de vida – relacionadas a partidos políticos e sindicatos, história das cidades, imigrações, história das elites urbanas, movimentos sociais, história das universidades, artes e ofícios.
A série documental mais recente do NHO foi produzida em 2018, no âmbito do projeto coletivo E 68, hein? Memórias públicas de um ano inesquecível. O objetivo foi promover reflexão sobre a pluralidade ímpar do ano em que vários acontecimentos moldaram profundas transformações em todo o mundo. Foram realizadas oito entrevistas públicas mensais, com personagens que viveram essas histórias, ocupando diferentes lugares sociais e/ou políticos em Belo Horizonte. As entrevistas estão sendo tratadas e, em breve, estarão disponíveis para consulta de pesquisadores.
Pelo NHO passaram pesquisadores importantes da Historiografia, Sociologia e Ciência Política mineira, como os professores Michel Marie Le Ven, do Departamento de Ciência Política, Lígia Maria Leite Pereira, do Departamento de Sociologia e Antropologia, e Otávio Dulci, também da Sociologia, falecido no ano passado.
Os três membros da comissão organizadora do evento – a própria Miriam Hermeto, Gabriel Amato, doutorando do Programa de Pós-graduação em História e docente do Instituto Federal do Sul de Minas, e Rodrigo Patto Sá Motta, professor do Departamento de História e coordenador do Laboratório de História do Tempo Presente – são pesquisadores do NHO desde o início de suas trajetórias acadêmicas.
Relação com as diferenças
A publicação Alteridades em tempos de (in)certeza: escutas sensíveis, que será lançada no encerramento do seminário, reúne 11 trabalhos e é desdobramento de evento homônimo sediado na UFMG, em 2017, no âmbito da Regional Sudeste da Associação Brasileira de História Oral, à época sob a direção de Miriam Hermeto, que é coorganizadora da obra junto com Gabriel Amato e Carolina Dellamore. O livro está sendo vendido no site da editora.
Gabriel Amato explica que dois traços comuns na coletânea de artigos são a metodologia de história oral e a discussão da relação com as diferenças. “A intenção foi suscitar reflexão sobre a crise contemporânea, seja de valores, instituições ou perspectivas epistemológicas. O nosso campo – a história oral – depende do diálogo, do encontro com o outro e da percepção de que o outro é sempre outro, seja ele semelhante ou não”, destaca Amato.
(Fonte: Boletim UFMG nº 2.079)