ABPHE: universidades fazem 'equilibrismo' para superar corte de verbas
A diretoria da Associação Brasileira de Pesquisadores em História Econômica ( ABPHE) vêm a público demonstrar indignação com os fatos que vêm ocorrendo contra as Universidades em nosso país. Especialmente, queremos expressar nosso estarrecimento com a condução coercitiva dos dirigentes da UFMG, ocorrida no dia de ontem, 06 de dezembro, quando foram obrigados por força policial a comparecer à sede da Polícia Federal em Belo Horizonte para prestar depoimento.
O espetáculo do aparato militar ocorre antes que haja apuração ou condenação dos envolvidos, a coerção vem sem questionamentos anteriores. Pessoas são expostas à mídia sem que haja julgamento ou investigações conclusivas, para que se apontem acusados para serem julgados. Nesse ano pelo menos quatro universidades públicas brasileiras foram alvo desse tipo de atuação, tendo seus dirigentes expostos e seus nomes sob suspeita de desonestidade ou improbidade administrativa. Custamos a acreditar que Reitores, Vice-reitores, Diretores e outros dirigentes se recusem a prestar esclarecimentos à justiça, ou compactuem com possíveis desmandos, muitas vezes ocorridos anteriormente às suas gestões.
O uso de medida coercitiva nos parece recurso de demonstração de força, de cunho espetaculoso, nesse momento em que o combate à corrupção ganhou status de punição antes de qualquer comprovação de culpa, tendo já levado dirigentes de universidades públicas a situações constrangedoras, ao desespero e até à morte, como ocorreu em Santa Catarina. Nos assombra saber que para oferecer a imagem de honestidade, a condução coercitiva seja utilizada, com brutalidade e desrespeito aos cidadãos, como atração para a opinião pública.
Ao mesmo tempo, não é dada visibilidade na grande mídia ao esforço cotidiano de administrar as universidades públicas com corte de verbas. O equilibrismo, para parafrasear a ironia do nome dado à operação da Polícia Federal na UFMG ("Esperança Equilibrista"), está no cotidiano de professores, estudantes e funcionários no dia a dia das Universidades, que nos faz parecer o equilibrista de pratos de um circo. Aliás, circo montado pelos órgãos que punem antes de concluírem qualquer processo investigativo.
A ABPHE se solidariza com a UFMG e seus dirigentes nesse momento, entendendo que esta instituição tão respeitosa e séria, produtora de conhecimento, sempre se pautou pela seriedade e pelo respeito à lei.
Contra a escalada do fascismo acreditamos que “A esperança / Dança na corda bamba de sombrinha / E em cada passo dessa linha / Pode se machucar”