Projeto de alunos do CP que alia biologia e matemática disputa concurso no Equador
Grupo investigou influência da ação humana sobre a população de insetos de duas áreas no campus Pampulha
O projeto Matemática da diversidade, desenvolvido por alunos do Centro Pedagógico (CP), representa o Brasil no Concurso de Proyectos Empresariales, Ciencia, Tecnologia e Innovación, que começa a ser disputado em Ambato, no Equador, nesta sexta-feira, 20. Além de equipe do Brasil e do país-sede, participam estudantes da Argentina, do Chile, da Colômbia, da Costa Rica, do México, do Panamá e do Peru. O certame termina no domingo, 22.
O trabalho é um projeto de educação ambiental sobre a interferência do homem na biodiversidade. “A ideia surgiu para respondermos ao chamado da Feira Brasileira de Colégios de Aplicação e Escolas Técnicas (Febrat) do ano passado, cujo tema era A matemática está em tudo. Passamos a refletir sobre como poderíamos criar um projeto de pesquisa atrelando a matemática à biologia”, explica Luiza Coutinho, professora de Ciências do CP e orientadora do projeto.
A metodologia foi definida com apoio de dois estudantes de Ciências Biológicas: Vinícius Ferraz, bolsista de um dos programas de formação inicial de professores do CP, e Heitor Castro, colaborador voluntário. "Como o Vinícius estava ensinando insetos para os estudantes, delineamos um projeto em que a matemática funcionaria como ferramenta e os insetos como indicadores para compreendermos as consequências de interferências humanas no nosso entorno próximo. Dessa forma, também poderíamos estimular a consciência ambiental crítica.”
A pesquisa contou com a participação de 15 alunos do ensino fundamental. Eles instalaram armadilhas para capturar insetos em dois ambientes: a mata próxima ao CP e o campo de futebol da Faculdade de Educação. Depois coletaram, identificaram, contabilizaram e analisaram os dados com o uso de ferramentas matemáticas. Com isso, eles puderam avaliar a diversidade dos insetos nos lugares de maior e menor interferência humana.
Os estudantes apresentaram o projeto na Febrat 2017 e conquistaram o primeiro lugar na categoria Melhor trabalho na grande área do conhecimento: ciências biológicas, ciências da saúde e ciências agrárias, para alunos do ensino fundamental. Como prêmio, a equipe recebeu o convite para participar do concurso no Equador, por meio do Programa Jovens Inovadores, da Rede do Programa de Olimpíadas do Conhecimento.
A viagem
Seis representantes da equipe – todos do sétimo ano do CP – estão no Equador: Adriene Oliveira, Emily de Sena, Larissa Siqueira, Nathália Espírito, Pedro Gomes e Vinicius Mendes. Eles viajaram acompanhados dos alunos de Biologia, Heitor Castro e Vinicius Ferraz, e da professora Elaine Soares França, do Núcleo de Ciências do CP.
Para Luiza Coutinho, a participação em um evento internacional é uma experiência nova para o CP. “Tivemos algumas dificuldades na organização da viagem e creio que foi um grande aprendizado para a escola. A viagem mostra a importância da dedicação ao trabalho e ao estudo e de como esse esforço pode render frutos que os estudantes nem haviam almejado”, complementa a professora, que não pôde acompanhar os alunos por estar no período final de gravidez.
Como não dispunha dos recursos suficientes para arcar com os custos da viagem, o grupo lançou a campanha de financiamento coletivo Crianças fazendo ciência no exterior. Assista ao vídeo da iniciativa no qual os alunos explicam a pesquisa:
“Antes de iniciarmos a arrecadação, decidimos que, no máximo, seis estudantes iriam ao Equador porque a logística de viajar com crianças é bastante complexa. A ida de mais estudantes implicaria envolver outros adultos educadores”, explica Luiza. Com essa definição, os estudantes elaboraram um ranking, por meio de votação, a fim de estabelecer um consenso sobre quem representaria o grupo no Equador. A prioridade foi dada àqueles que se dedicaram mais ao trabalho.
Projeto aperfeiçoado
Depois da participação na Febrat, a equipe não parou de pesquisar e ampliou a amostragem, estendendo a análise sobre o comportamento dos insetos em períodos chuvosos. Além disso, os estudantes aprenderam uma linguagem de programação para realizar novas análises.
Com a Matemática da diversidade, os alunos do CP puderam refletir sobre ecologia e a importância da matemática como ferramenta científica. A empreitada também representou uma oportunidade de os alunos participarem, na prática, de uma pesquisa científica. “Acreditamos que esse projeto tem sua culminância com a apresentação no Equador, já que os orientadores têm outros planos em vista. Entretanto, o CP continua trabalhando a educação científica e estimulando outras pesquisas”, garante a professora Luiza Coutinho.
O projeto contou com o apoio dos professores Ricardo Solar e Marcos Callisto, ambos do Departamento de Biologia Geral do ICB. Eles cederam a estrutura dos laboratórios que coordenam para a pesquisa. O professor Fernando Silveira, do Departamento de Botânica, traduziu os materiais produzidos pelo grupo.