Bioinsumo que aumenta validade de flores e frutos vence maratona de soluções inovadoras
Produto foi desenvolvido no campus Montes Claros
O uso de bioinsumos que aumentam o shelf life (validade) de flores e frutos e reduz perdas no pós-colheita é a base da proposta vencedora do DemoDay, da Maratona de Soluções BioInova, realizada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), na última semana. O grupo vencedor é formado por pesquisadores da UFMG, do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), do Sebrae e da empresa Lallemand Plant Care Brasil, e criou durante o evento um arranjo institucional para validar a tecnologia da UFMG no mercado.
O professor Junio Cota, do campus da UFMG em Montes Claros, foi o responsável por apresentar a proposta no evento. A solução é parte da tese de doutorado em Microbiologia de Cintya Souza, servidora do Instituto de Ciências Agrárias (ICA), defendida no Instituto de Ciências Biológicas (ICB). Junio orientou o trabalho de Cintya. “Vencer um prêmio nacional do Ministério da Agricultura é um marco significativo para nós, pois valida nossos esforços de pesquisa. É extremamente gratificante ver o resultado do nosso trabalho árduo e sério, que é disruptivo e de alto risco, ser bem recebido pelo Ministério da Agricultura e pela iniciativa privada”, afirma o professor.
O professor destaca que, a partir de agora, os esforços se concentram em finalizar o bioinsumo e colocá-lo ao alcance do consumidor. “Durante o evento do Mapa, estabelecemos contatos para que alianças importantes sejam formalizadas com as instituições interessadas em levar nossas soluções ao mercado. Para que esses benefícios cheguem à população, é essencial colaborar com as empresas e outras instituições. Esse reconhecimento amplia nossas possibilidades de impacto, demonstrando que um projeto nascido no Instituto de Ciências Agrárias pode trazer avanços significativos com tecnologias sustentáveis para o agronegócio”, explica Junio Cota.
Produtos mais frescos
A tese Uso de microrganismos na produção de mudas e conservação pós-colheita de frutos e flores ornamentais, defendida por Cintya Souza, teve como coorientadoras Elka Almeida (ICA), Luzia Modolo (ICB) e Sílvia Niestche (ICA).
De acordo com o professor Junio Cota, o trabalho indica resultados em três eixos: cadeia de frutos, cadeia de flores e produção de mudas. Em relação aos frutos, foram realizados estudos com bananas. Constatou-se que o produto foi capaz de retardar o amadurecimento da banana em, no mínimo, cinco dias. “Este avanço é crucial para a logística de distribuição no Brasil, onde o transporte é majoritariamente rodoviário. Com um tempo maior de conservação, a redução de perdas ao longo da cadeia de suprimento é significativa, permitindo que os frutos cheguem mais frescos aos consumidores”, analisa.
Na floricultura, os resultados também são animadores. “Conseguimos mostrar que o produto retarda a senescência, ou seja, o tempo de vida útil da flor. A flor de corte tem um prazo de validade curto de três dias. A gente conseguiu aumentar este tempo em pelo menos três dias, ou seja, dobramos a vida útil.
No terceiro eixo, a produção de mudas, foram analisadas bananeiras. O estudo valeu-se de espécies produzidas em laboratório nas quais foram detectados aumento na viabilidade e longevidade. “No campo, isso se traduz em mudas mais robustas, saudáveis e resistentes a condições adversas e patógenos. O resultado é uma redução nas perdas após o plantio e uma menor dependência de insumos e defensivos agrícolas, contribuindo para uma agricultura mais sustentável”, finaliza o professor Cota.
O novo produto está em processo de patenteamento junto ao INPI, e conversas estão sendo conduzidas com empresas privadas com o objetivo de estabelecer parcerias para licenciar a tecnologia, viabilizando sua produção e comercialização em larga escala industrial.