Institucional

Chapa 3: UFMG+

criar + partilhar + renovar

Andréa Mara Macedo e Paula Miranda-Ribeiro
Andréa Mara Macedo e Paula Miranda-Ribeiro Foca Lisboa/UFMG

A UFMG tem, em sua bandeira, a inscrição Incipit Vita Nova, “uma vida nova começa”, que nos inspira à renovação. A Universidade é um espaço de criatividade, um lugar de inventar e reinventar as múltiplas possibilidades do saber. É, também, um ambiente de aprendizado que perpassa os âmbitos da ciência, da técnica e da arte, em estreita e dinâmica relação com a sociedade. A partilha das ações e dos conhecimentos forma o caráter singular da Universidade pública no seu contexto social. Sua forma de gestão sempre nos incita a descobrir, em conjunto, novas formas de solucionar os problemas e administrar seus processos e nos estimular a olhar para a realidade, para superar os desafios e transformá-la.

Em sua trajetória de 90 anos, a UFMG reúne muitas conquistas. Todavia, pode ser ainda mais dinâmica, democrática e inclusiva, por estar sempre atenta às questões atuais. Dessa forma, responderá com mais eficácia aos anseios e às necessidades da nossa sociedade, consolidando-se, cada vez mais, como instituição pública, gratuita, laica e de excelência. Um local onde se formam profissionais cidadãos, competentes e comprometidos com o bem-estar da população e com o desenvolvimento social, ambiental e econômico do país. Um espaço onde se produz, ensina, preserva e divulga a ciência, arte e cultura.  

Há sempre um espaço para a UFMG ser MAIS!

Quem somos?

Andréa Mara Macedo é professora titular do Departamento de Bioquímica e Imunologia do ICB, onde atua há 28 anos. Bióloga e doutora em Bioquímica e Imunologia pela UFMG, é diretora do ICB e membro da Comissão de Recursos do Conselho Universitário. Foi secretária regional da SBPC, membro do Fórum Estadual de Educação e do Cepe e pesquisadora 1B do CNPq.

Paula Miranda-Ribeiro é professora associada IV do Departamento de Demografia da Face e pesquisadora do Cedeplar, onde atua há 19 anos. Economista e mestre em Demografia pela UFMG e doutora em Sociologia pela University of Texas at Austin, é diretora da Face, membro da Comissão de Orçamento e Contas do Conselho Universitário e pesquisadora 1C do CNPq.

A Universidade e seus desafios

A UFMG, nos seus 90 anos, permanece como uma das cinco melhores universidades brasileiras, um orgulho para sua comunidade e para a sociedade brasileira. O tamanho e a complexidade da UFMG tornam a sua gestão um grande desafio, ao mesmo tempo que representam sua pluralidade e riqueza. O equilíbrio entre seu tamanho, complexidade e diversidade somente pode ser alcançado por meio de uma gestão ética e democrática, que valorize a contribuição das pessoas e o papel das instâncias de decisões colegiadas. É necessário, também, estar presente nas instituições do governo federal ligadas à educação, ciência e tecnologia e em entidades como a Andifes, a fim de proteger o orçamento integral da nossa Universidade. Além disso, é preciso viabilizar a captação de recursos por meio de fontes complementares de financiamento, o que é fundamental no atual cenário político e econômico brasileiro.

É decisivo que a UFMG fortaleça seu papel na defesa da autonomia universitária e na preservação de direitos assegurados na Constituição, assumindo sua responsabilidade como protagonista no cenário acadêmico e na sociedade. Esses são os pontos fundamentais para o reconhecimento da UFMG como uma universidade inovadora e de excelência no panorama mundial.

Princípios básicos 

• Defesa da universidade pública, laica, gratuita e de excelência. 

• Defesa da autonomia universitária, da liberdade de expressão e da pluralidade de saberes e ações.

• Indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. 

• Excelência na educação básica e profissional, graduação e pós-graduação, integradas a uma pesquisa de classe mundial e uma extensão de alto impacto social.  

• Busca de uma crescente internacionalização.

• Reconhecimento das especificidades das áreas de conhecimento e pesquisa como riquezas da comunidade universitária.

• Fortalecimento da gestão participativa e respeito às decisões colegiadas.

• Respeito à diversidade e cuidado com as pessoas.

• Compromisso com a inclusão social e com os programas de apoio às ações afirmativas. 

• Apropriação da identidade institucional como estratégia de fortalecer os conceitos de pertencimento e de orgulho de ser UFMG.

Gestão acadêmica

A UFMG tem uma grande responsabilidade na conciliação do respeito à diversidade com a preservação da qualidade do ensino nos diferentes níveis – educação básica e profissional, graduação e pós-graduação. 

A adesão da UFMG ao Reuni, Sisu, sistema de cotas e à UAB promoveu mudanças significativas no corpo discente, nas propostas acadêmicas e na sua organização. Estudos mostram que as ações

favoreceram a inclusão na UFMG de uma parcela meritória da sociedade que, sem essas ações, poderiam não fazer parte de uma das melhores universidades do país. Por isso, é fundamental o acompanhamento dos desafios que a expansão e as transformações da educação pública nos impõem.

Considerando a vocação da UFMG para o desenvolvimento das ciências, da tecnologia, da arte e da cultura no cenário nacional e internacional, o seu papel institucional no fomento da pesquisa e da inovação, nas diversas áreas do conhecimento, ainda é bastante tímido e pode ser aprimorado. Destaca-se, nesse aspecto, a importância do adequado funcionamento dos espaços de pesquisa laboratoriais multiusuários, a necessidade de bancos de dados institucionais atualizados e de infraestrutura para atendimento a novos docentes e pesquisadores visitantes, assim como auxílios na elaboração de projetos institucionais, convênios, planos de desenvolvimento institucionais, na obtenção de patentes, licenciamentos e transferências de tecnologias, propriedade intelectual, direitos autorais e na realização de eventos científicos e acadêmicos. 

A almejada internacionalização da Universidade, por sua vez, demanda alta concentração de talentos (servidores docentes, técnico-administrativos e estudantes) e de recursos suficientes para favorecer um ambiente propício ao ensino, à pesquisa e à extensão.

É necessário, também, além de um marco regulatório favorável à autonomia e à liberdade acadêmica, valorizar as lideranças nos grupos de pesquisa e extensão, com suporte de uma visão estratégica promovida pela Administração Central. 

A relação da Universidade com a sociedade se dá por meio de uma rede complexa de interações que compõem as suas atividades, exercendo influência direta sobre as pessoas que nela convivem. Baseada nesse conceito, a extensão vem-se tornando, gradativamente, mais valorizada como uma das atividades-fim da UFMG, indissociada do ensino e da pesquisa. Todavia, excetuando algumas poucas unidades acadêmicas, a maior parte das atividades de extensão ainda é de iniciativa individual ou de grupos. Nesse sentido, cabe à Administração Central um papel mais decisivo na busca de uma aproximação mais eficaz da UFMG com os desafios da cidade, do estado e do país. Ademais, faz-se ainda fundamental a manutenção de programas e ações culturais similares à extensão, porém voltados para a comunidade interna da Universidade.

Na gestão acadêmica, sublinhamos as seguintes linhas de ação: 

• promover o reconhecimento dos direitos humanos e da diversidade cultural, assumindo-os como bases para as práticas de aperfeiçoamento acadêmico; 

• fortalecer as atividades acadêmicas que favoreçam a formação complementar e transversal nos três níveis de ensino (básico e profissional, graduação e pós-graduação), garantindo maior flexibilização e interdisciplinaridade acadêmica; 

• aprimorar o sistema de matrículas, em todos os níveis de ensino, possibilitando a oferta de percursos verdadeiramente interdisciplinares; 

• fomentar um projeto ousado de estímulo ao domínio de línguas estrangeiras, em especial o inglês, de modo a inserir toda a comunidade universitária em grandes circuitos internacionais de produção acadêmica;

• ampliar os programas de mobilidade discente de abrangência internacional, nacional e regional, em todos os níveis de ensino, por meio da consolidação de parcerias já existentes e da busca de novas possibilidades;

• criar um sistema continuado de avaliação e apoio para melhoria de cursos de educação básica e profissional, graduação e pós-graduação, visando melhorar seus conceitos nos índices Ideb, Enade e Capes;

• propiciar a utilização efetiva das estruturas de ensino a distância existentes na Administração Central e nas unidades acadêmicas, como suporte às ações inovadoras de ensino e ao compartilhamento do saber;

• promover uma rede integrada de instituições federais de ensino superior (Ifes) e institutos federais tecnológicos (Ifets) em Minas Gerais, maximizando as oportunidades de se receber pesquisadores de destaque nas diversas áreas do conhecimento, professores visitantes e discentes de universidades do exterior;

• intermediar esforços de identificação de fontes complementares aos sistemas Capes, CNPq e Fapemig para financiamento de bolsas de graduação, mestrado, doutorado, pós-doutorado e sanduíche;

• reafirmar o princípio prioritário de organização de laboratórios e centros multiusuários interinstitucionais nas diversas áreas de saberes, abertos a usuários da comunidade da UFMG e a centros de ensino, pesquisa e extensão parceiros;

• manter os programas de apoio financeiro aos novos docentes e criar condições para que jovens pesquisadores, ainda sem financiamento de pesquisa, possam utilizar, de maneira subsidiada, a infraestrutura dos centros multiusuários, em seus primeiros anos na UFMG;

• estimular o desenvolvimento da pesquisa interdisciplinar por meio de atividades e ações que incentivem a criação de novos grupos, laboratórios e espaços temáticos de investigação;

• criar estruturas de apoio para a realização continuada de seminários, congressos e outros eventos relevantes em todas as áreas de conhecimento;

• facilitar parcerias de ensino, pesquisa e extensão entre a UFMG e as universidades estrangeiras, por meio dos centros de internacionalização, promovendo a acolhida de professores, pesquisadores e estudantes na UFMG;

• conceber as atividades de extensão como estratégias de promoção do conceito de pertencimento, reconhecimento, divulgação e popularização do conhecimento desenvolvido na Universidade e em outras comunidades;

• fortalecer a rede de museus da UFMG como espaços de ciência e cultura;

• criar espaços abertos à comunidade para o desenvolvimento de atividades de ensino, pesquisa, extensão e inovação na UFMG;

• fomentar a realização de atividades acadêmicas, científicas, artísticas e culturais voltadas para a comunidade interna da UFMG.

Gestão administrativa

A UFMG abriga, em seus quatro campi, 20 unidades acadêmicas, uma escola de educação básica e profissional (com três centros), dois hospitais universitários, dezenas de órgãos suplementares e complementares, um sistema unificado de bibliotecas, abrangendo as diversas áreas do conhecimento, e uma rede de museus. No entanto, observamos um descompasso entre o crescimento vertiginoso na área acadêmica da Universidade, verificado nos últimos anos, e a capacidade de acompanhar esse desenvolvimento nas áreas administrativas e de infraestrutura. Isso, somado à sobrecarga de trabalho e à desinformação, que contribui para o adoecimento físico e mental de profissionais e estudantes da comunidade.  

No âmbito administrativo, destacamos as seguintes linhas de ação: 

• criar mecanismos para ampliar a discussão política sobre o papel da UFMG na sociedade e o que dela se espera como uma universidade pública no século 21; 

• desenvolver um Planejamento Estratégico de longo prazo e um Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) que reflita os novos desafios acadêmicos, políticos, socioeconômicos e ambientais, a fim de se assegurar a excelência do ensino, pesquisa e extensão, a internacionalização efetiva, as igualdades de oportunidades e a modernização e compartilhamento da infraestrutura da Universidade; 

• ampliar, por meio de um sistema de rede, a interação e articulação da UFMG com as instituições públicas de ensino e pesquisa parceiras e com a sociedade;

• reconhecer o papel estratégico das fundações de apoio à cultura e à assistência estudantil ligadas à UFMG, zelando por uma gestão transparente e com equilíbrio financeiro e apoiando as suas atividades fundamentais;

• propor a elaboração participativa de uma política integrada de comunicação, articulada com as unidades, voltada para uma maior interlocução interna à nossa comunidade acadêmica;

• divulgar o Parque Tecnológico de Belo Horizonte como um patrimônio estratégico que permite a interface entre o conhecimento gerado na UFMG e sua aplicação produtiva pelas empresas, promovendo o desenvolvimento local e regional; 

• implementar uma gestão de pessoas mais efetiva na UFMG, na qual elas estejam em primeiro lugar e sejam valorizadas e respeitadas nos seus saberes;

• garantir a participação efetiva dos três segmentos na gestão acadêmica e administrativa da UFMG;  

• avaliar a implantação inicial da organização do trabalho em turnos ininterruptos, com jornada especial de 30 horas para servidores técnico-administrativos, a fim de se corrigir distorções, aprimorá-las e estudar a ampliação para setores e unidades nos quais esse regime se fizer adequado;

• criar um dispositivo institucional de escuta qualificada especializada em questões de gênero, de orientação sexual e étnico-raciais na UFMG e promover campanhas que promovam os direitos das minorias e o combate a todos os tipos de violação dos seus direitos; 

• garantir manutenção da qualidade e da abrangência da assistência estudantil e buscar novas fontes de financiamento para sua ampliação;

• promover um sistema integrado de saúde física e mental de servidores docentes e técnico-administrativos, discentes, terceirizados e colaboradores na UFMG;

• aprimorar ações que garantam oportunidades de inclusão e acessibilidade para a entrada, permanência e participação das pessoas com deficiência na UFMG;

• atualizar o Plano Diretor da UFMG, de forma que se implemente um programa de qualidade em infraestrutura dos campi, visando à melhoria das condições de ocupação do espaço e ao planejamento do andamento das obras com melhoria de suas estruturas físicas;

• criar um sistema suplementar de serviços, tais como novas opções de restaurantes, lanchonetes, cafés, farmácias e academias para melhorar a qualidade de vida e a boa convivência nos campi;

• estabelecer estratégias de mobilidade e de transporte intra e inter campi, com criação de ciclovias, passeios adequados e agradáveis para pedestres, e buscar soluções para estacionamentos e para a redução do trânsito nos campi;

• elaborar um planejamento para a segurança nos campi, articulado ao seu Plano Diretor, com a participação efetiva de toda a nossa comunidade. Com esse objetivo, estudar os modelos de segurança adotados nas outras universidades públicas brasileiras, para, com o auxílio de especialistas da UFMG, subsidiar a discussão com a comunidade sobre o modelo mais adequado a cada um dos nossos campi; 

• buscar, com o apoio dos servidores dos diversos setores administrativos, uma atualização dos procedimentos e processos de trabalho, tornando-os mais humanizados, eficazes e transparentes para a comunidade; 

• promover o acolhimento e a verdadeira inclusão de servidores docentes, técnico-administrativos e estudantes com deficiência;

• atualizar e aperfeiçoar os sistemas de informações administrativas e acadêmicas, buscando novas soluções criativas, com a predominância do uso da internet em alta velocidade e uma rede Wi Fi robusta, condizente com as necessidades da UFMG no século 21;

• viabilizar a implantação, difusão e aplicação de big data (bases de dados disponíveis nos registros administrativos e nas redes sociais), como ferramenta estratégica para a gestão acadêmica e administrativa, para a avaliação de políticas públicas e iniciativas de ensino, pesquisa e extensão em todas as áreas de conhecimento que dependam de dados que estejam disponíveis em rede; 

• valorizar o Hospital das Clínicas como unidade fundamental da UFMG, que, junto com o Hospital Risoleta Tolentino Neves, exerce papel relevante no ensino, na pesquisa e na extensão, bem como na assistência à saúde da população; 

• participar, em conjunto com a direção do Hospital das Clínicas, das negociações com a presidência da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) e com os ministérios da Saúde e da Educação, de maneira articulada com a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), para mitigar os conflitos gerados pela convivência de diferentes organizações do trabalho nessa unidade.

O presente programa de gestão não tem a pretensão de ser um documento completo, mas uma proposta inicial, com as linhas básicas de atuação e os valores centrais que nortearão o percurso proposto para 2018-2022. Novas sugestões e contribuições serão bem acolhidas e incorporadas ao nosso programa, como resultado da criação de um diálogo coletivo. 

Propostas e informações da chapa UFMG+ estão disponíveis no site
https://www.ufmg.br/andrea-pau...
e nas redes sociais:
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https://twitter.com/ufmgmais

Boletim nº 1997 - Ano 44