Pesquisa e Inovação

Democratização do acesso à água contribui para igualdade de gênero

Tema de tese de doutorado na Face, questão é abordada no novo episódio do ‘Aqui tem ciência’, da Rádio UFMG Educativa

Mulheres são as mais afetadas pelos problemas de acesso à água
Mulheres são as mais afetadas pelas dificuldades de acesso à água Foto: Pixabay

As mulheres são as mais afetadas pelos problemas de acesso à água. Entretanto, elas estão presentes em menor proporção nos órgãos que fazem a gestão dos recursos hídricos. É o que conclui uma tese de doutorado defendida no Programa de Pós-graduação em Administração da Faculdade de Ciências Econômicas (Face), elaborada na perspectiva do feminismo decolonial ‒ vertente que prioriza questões que afetam mulheres dos países do sul global, como as latino-americanas.

“Os impactos da falta de saneamento básico, da falta de água encanada, vão recair sobre as mulheres que, no final das contas, acabam precisando resolver esses problemas no cotidiano. Elas precisam caminhar para coletar água, ou, quando não há saneamento básico, têm que ficar mais próximas do esgoto e lidar com essa realidade”, relata a autora da tese, Thaís Zimovski. 

Thaís explica que a democratização do acesso à água poderia contribuir para a redução da desigualdade de gênero, na medida em que muitas meninas e mulheres, especialmente negras e indígenas, deixam de frequentar a escola, por exemplo, para se dedicar a atividades como coletar e armazenar água.

A pesquisadora analisou a participação feminina no Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas, que tem 56 conselheiros, entre titulares e suplentes, dos quais apenas 13, o equivalente a 27%, são mulheres. Ela acompanhou reuniões do grupo, transmitidas pela plataforma YouTube, e entrevistou individualmente mulheres integrantes do comitê. Os relatos revelam que, embora tenham representatividade e espaço de fala, muitas vezes suas exposições são tratadas como menos legítimas que as dos homens.

“Por exemplo, a mulher acabou de dar uma sugestão e ninguém comentou. Em seguida, um homem faz a mesma sugestão com palavras mais técnicas. Às vezes, uma pessoa que, inclusive, tem uma conexão com a produção do conhecimento, que é especialista, tem mestrado ou doutorado, vai falar com outras palavras, e as pessoas têm outra recepção dessa ideia. Essa sugestão tem mais legitimidade”, observa a pesquisadora.

Saiba mais sobre a pesquisa no novo episódio do Aqui tem ciência:


O episódio 176 do Aqui tem ciência integra uma série especial que abre a sexta temporada do programa com episódios sobre pesquisas desenvolvidas por mulheres e também focadas em questões que as afetam. Produção e apresentação são de Alessandra Ribeiro, e os trabalhos técnicos, de Cláudio Zazá.

O Aqui tem ciência é uma pílula radiofônica sobre estudos realizados na UFMG e abrange todas as áreas do conhecimento. A cada semana, a equipe da Rádio UFMG Educativa apresenta os resultados de pesquisa desenvolvida na Universidade. O programa vai ao ar na frequência 104,5 FM e na página da emissora, às segundas, às 11h, com reprises às sextas, às 20h, e pode ser ouvido também em plataformas de podcast como o Spotify e a Amazon Music.

Thais Zimovski: experiências políticas de mulheres com a água
Thais Zimovski: experiências políticas de mulheres com a água Foto: acervo pessoal

Raio-x da pesquisa

Título: Experiências políticas de mulheres com a água: organizando relações hidrossociais à luz do feminismo decolonial

Autora: Thaís Zimovski Garcia de Oliveira  

O que é: Tese de doutorado que apresenta análise organizacional do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas e dos "relatos de si" das mulheres participantes, a partir da perspectiva do feminismo decolonial.

Programa de Pós-graduação: Administração

Orientador: Alexandre de Pádua Carrieri

Coorientadora: Fernanda Costa Matos

Ano de defesa: 2023