Saúde

Deslocamento para o interior preocupa professores da UFMG

Mais de 90% dos municípios mineiros não possuem leitos de UTI: 'É hora de olharmos para nossos afetos', defende Ivana Parrela, da ECI

Os primeiros casos da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, o Sars-CoV-2, ocorreram na China. E qual a explicação para uma infecção inicialmente concentrada em Wuhan transformar-se em uma pandemia? O deslocamento das pessoas por todo o globo terrestre.

No Brasil, o primeiro caso foi relatado no mês de fevereiro, em São Paulo, que logo viraria o epicentro da doença no país. Em busca de segurança, algumas pessoas estão se deslocando das grandes cidades para aquelas localizadas no interior. 

"Em um contexto de epidemia, a imagem idílica, de ar puro, água limpa e natureza associada às cidades do interior é tudo o que as pessoas desejam", afirma a professora Ivana Parrela, da Escola de Ciência da Informação, em entrevista à TV UFMG. No entanto, ela, que é natural de Grão Mogol ("meu paraíso terrestre"), argumenta que mobilidade é incompatível com a pandemia. "É hora de olharmos para nossos afetos do interior", defende Parrela.  

A preocupação da professora é respaldada por números. Segundo levantamento realizado pelo professor de Geografia Jairo Rodrigues Silva, do Instituto Federal de Minas Gerais de Ouro Preto, mais de 90% das cidades mineiras não possuem leitos de UTI. A professora Flávia Pilecco, por sua vez, destaca que 25% dos leitos de UTI em Minas estão concentrados na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

"Se houver uma saturação, certamente essas pequenas cidades não terão condições de atender às pessoas infectadas", avalia o professor Marden Campos, do Departamento de Sociologia da UFMG, também entrevistado pela TV UFMG.

Ficha técnica: Yves Vieira (produção), Olívia Resende (reportagem e edição de conteúdo), Otávio Zonatto (edição de imagens)