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Dia Nacional do Surdo: uma conversa sobre direitos, conquistas e cuidados com a saúde

Professora da UFMG Luciana Resende falou sobre a importância do 26 de setembro e a necessidade de uma difusão cada vez maior da Libras entre os profissionais de saúde

26 de setembro foi instituído como Dia Nacional do Surdo em 2008
26 de setembro foi instituído como Dia Nacional do Surdo em 2008 Fernando Frazão/Agência Brasil

O Dia Nacional do Surdo é comemorado em 26 de setembro, próximo domingo. Oficializada em 2008, com a fundação do Instituto Educacional de Surdos, a data chama atenção para a necessidade de inclusão e respeito à população surda no Brasil e para a garantia e preservação de seus direitos. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 10 milhões de pessoas têm alguma deficiência auditiva no país, entre as quais 2,7 milhões são completamente surdas.

A faixa dos 60 anos de idade é a mais acometida, sendo que 9% nascem com a condição e 91% adquirem ao longo da vida. É uma deficiência que se agrava com o passar dos anos e, considerando o processo de envelhecimento da população brasileira, a tendência é que os números aumentem. A comunidade surda já conquistou direitos fundamentais, como a obrigatoriedade do ensino da Língua Brasileira de Sinais (Libras) na formação de professores e a Lei de Cotas para Deficientes. Mas a garantia total da inclusão de pessoas surdas no Brasil ainda não é uma realidade. 

Para falar sobre o Dia Nacional do Surdo, o programa Conexões dessa sexta, 24, contou com a professora associada do Departamento de Fonoaudiologia da Faculdade de Medicina da UFMG Luciana Resende. Ela abordou a importância da data, a situação da comunidade surda em relação a direitos no Brasil e explicou sobre as deficiências auditivas e formas de prevenção. Segundo a docente, o diagnóstico de perda auditiva desde o nascimento é fundamental para que a família promova as adaptações que serão necessárias à vida da criança desde cedo, seja para a readequação de expectativas, seja para o possível uso da tecnologia para estimular a audição.

A professora de fonoaudiologia acredita que, no Brasil, há muitas pessoas surdas inseridas na sociedade, mas não incluídas. Ela destacou que há muito o que melhorar nesse aspecto, mas os avanços são significativos. “O ensino da Libras é obrigatório nos cursos de Fonoaudiologia e também nos cursos em que há Licenciatura.  Hoje já temos o curso superior de Letras-Libras e a UFMG foi uma das pioneiras na inclusão do ensino da Libras. Pelo menos no curso de Fonoaudiologia da UFMG, já é uma rotina, a gente já vê isso como algo natural. Claro que isso auxilia muito no atendimento das pessoas que vão procurar reabilitação ou o diagnostico. Mas na área da saúde como um todo, precisamos de mais esclarecimento. Temos um projeto de extensão que foi ativo por muito tempo na Faculdade de Medicina, cujo objetivo era disseminar o uso da Libras entre os profissionais de saúde. São pequenos passos, mas estamos no caminho  certo”, detalhou. 

A professora ainda comentou da resistência e preconceito que envolvem o aparelho auditivo, que, segundo ela, é o objeto que dá a ver a condição da pessoa, já que a surdez é invisível. Resende defendeu que a tecnologia dos aparelhos evolui muito rapidamente, apresentando modelos com cada vez melhor desempenho e qualidade do som, tamanhos e cores variadas, mais visíveis ou mais discretos. Apesar de exigir cuidados com bateria, limpeza e outros – muito mais medidas do que se deve ter com um par de óculos, ela comparou –, é imprescindível usar o aparelho para quem precisa. “A pessoa que não coloca o aparelho tem um risco maior de ter depressão, demências, declínio cognitivo. É muito importante não deixar passar muito. Se você já está tendo dificuldade de se comunicar, fazendo muito esforço, evitando situações porque não entende, muitas vezes, ou porque as pessoas perdem a paciência,  o ideal é procurar realmente usar um aparelho auditivo”, alertou.

Ouça a entrevista completa pelo Soundcloud.

Em comemoração ao Dia Mundial do Surdo, o Espaço do Conhecimento UFMG apresenta o Sábado com Libras, uma oficina virtual que discute a comunicação com surdos nos museus apresentada em português e em Libras. O encontro é realizado neste sábado, 25, às 10h, pela plataforma Zoom. Não é necessário conhecimento prévio em Libras, basta se inscrever através do formulário disponível no site do espaço

Produção: Enaile Almeida, sob orientação de Hugo Rafael e Alessandra Dantas
Publicação: Alessandra Dantas