Docentes descrevem práticas pedagógicas em tempos de ensino remoto
Experiências estão relatadas em artigos submetidos a periódico editado pelo GIZ
Em meio à pandemia, os responsáveis pela disciplina Cartografia escolar, ministrada em uma universidade pública brasileira, tiveram de repensar as aulas e assegurar a manutenção da carga horária com atividades diversificadas e espaçadas para que os estudantes pudessem acompanhá-las de modo síncrono e assíncrono, respeitando suas condições materiais, sociais e psicológicas. O esforço foi exitoso, e os alunos continuaram frequentando a disciplina.
Esse relato foi feito pela professora Andrea Coelho Lastoria, da Universidade de São Paulo (USP), durante o fórum on-line Escritas acadêmicas sobre o ensino: o que dizem os docentes?, promovido na tarde desta quarta-feira, dia 2, pelo Programa Integração Docente, da UFMG. Andrea e outros convidados do evento são autores de artigos que descrevem experiências de ensino durante a pandemia em meio a um cenário marcado por atividades remotas. “Apesar dos problemas, foi possível estabelecer uma nova forma de condução da disciplina, mesmo que em moldes diferentes de como era quando presencial”, explicou Lastoria, coautora do trabalho Formação inicial de professores na pandemia de covid-19: estudo de caso sobre cartografia escolar, que será publicado na Revista Docência do Ensino Superior, editada pela Diretoria de Inovação e Metodologias de Ensino da Pró-reitoria de Graduação (GIZ/Prograd).
Objetivos afetivos
O professor Antônio Carlos Gil, da Universidade Municipal de São Caetano do Sul, é autor de outro artigo que será publicado em breve no periódico. Em Estratégias para o alcance de objetivos afetivos no ensino remoto, Gil elencou formas colaborativas de envolver os estudantes nos trabalhos escolares desenvolvidos remotamente, como a divisão das classes em pequenas equipes, que repassam suas considerações ao grupo maior, e a divisão dos estudantes em dois grupos – um de verbalização e outro de observação.
Para o professor, a gamificação é um dos trunfos de que o ensino remoto poderá se valer. “Os jogos são tradicionalmente reconhecidos como uma das mais importantes estratégias para o alcance de objetivos no domínio afetivo, pois promovem o envolvimento dos alunos", justificou.
Chile
Daniel Braga, editor adjunto da revista Revista Docência do Ensino Superior e doutorando em Educação na Faculdade de Educação da UFMG, apresentou um histórico da publicação, desde o seu surgimento, e explicou como se deu a criação da Seção especial, espaço editorial que abriga as reflexões sobre as experiências pedagógicas na pandemia.
Um dos autores de artigos publicados na revista (Docencia universitaria durante la pandemia covid-19: una mirada desde Chile), o professor Felipe Garrido, da Universidade Metropolitana de Ciências da Educação do Chile, relatou como o sistema universitário chileno se organizou no contexto da pandemia. “Não paramos. Todas as atividades tiveram continuidade a distância, o que foi um desafio para todas as professoras, professores e gestores, especialmente se considerarmos as características do sistema universitário chileno, fortemente privatizado e mercantilizado há várias décadas”, contou. De acordo com ele, as condições de trabalho precarizaram-se com o aumento de carga horária, mas houve pontos positivos, como o aprendizado relacionado ao uso da tecnologia. “No entanto, isso não traz um mundo pedagógico novo; as pessoas continuam as mesmas nesse processo educacional”, argumentou Garrido.
A professora Eunice Francisca Martins, da Escola de Enfermagem da UFMG, falou sobre o trabalho Núcleo docente estruturante da Enfermagem da UFMG: da criação aos tempos da pandemia da covid-19, também publicado na Revista Docência do Ensino Superior. Ela descreveu as estratégias usadas para envolver os docentes da Escola de Enfermagem, como as oficinas pedagógicas. “Temos sido movidos pelo desafio e, acima de tudo, pela esperança", resumiu.
A 13ª edição da série de fóruns on-line foi a última realizada neste ano. De acordo com a pró-reitora de Graduação, Benigna de Oliveira, 2020 foi um período de muitos desafios, que trouxe mudança de planos, sonhos e perdas. Em relação às atividades acadêmicas propostas pelo Programa Integração Docente, Benigna avaliou que elas foram executadas com qualidade. “O programa cumpriu a sua proposta de ser um espaço para compartilhamento de experiências e apoio à comunidade acadêmica”, concluiu.
As ações desenvolvidas pela iniciativa estão disponíveis em seu site.