Café Controverso debate arte como meio de socialização
Gratuito, evento será neste sábado, 27, às 10h, no Espaço do Conhecimento
As cidades estão em constante transformação. Entre avenidas, ruas e vielas, há os mais diversos estratos sociais, que muitas vezes habitam o mesmo meio urbano, mas não se cruzam. Um dos grandes desafios é colocar essas diferentes perspectivas em diálogo, tirando da marginalidade os que vivem à margem.
Há quem aposte na arte como um mecanismo de socialização e construção da cidadania. É o caso da antropóloga Clarice Libânio, mestre em Sociologia e doutora em Arquitetura e Urbanismo pela UFMG, e Rafael Tello, economista especializado em Negócios Internacionais e em Gestão da Sustentabilidade. A dupla estará amanhã (sábado, 27), a partir das 10h, no Espaço do Conhecimento UFMG, em mais uma edição do Café Controverso: especial Viver Bem, que terá a temática Transformação social e cultura: como podemos avaliar e medir nossas ações? O museu está localizado na Praça da Liberdade, 700. A entrada é gratuita, e o público pode participar com perguntas.
Clarice Libânio é responsável por desenvolver o Guia Cultural das Vilas e Favelas de Belo Horizonte, que deu origem à ONG Favela é Isso Aí, que há mais de uma década apoia e divulga ações artísticas e culturais da periferia. A coordenadora-executiva aposta na criatividade da juventude como fator de redução da discriminação dessas populações. “A arte contribui para fazer pontes, fazer trocas entre grupos sociais distintos. Hoje, a juventude rejeita essa perspectiva de periférico e marginalizado. São pessoas já inseridas em outra visão de luta pela cidade”, explica a antropóloga, para quem a arte ajuda na criação de um novo capital cultural. “Não é uma negação da desigualdade. Mas não é uma desigualdade de capacidade de participar e ter acesso à mesma cidade”, diz.
Os resultados do trabalho da ONG são vistos na prática por Clarice Libânio, que afirma existir inúmeros exemplos de transformações na cidade provocadas pelas práticas culturais, desde a modificação individual até a de um ponto de vista coletivo. No entanto, ela ressalta que não há indicadores para mensurar o poder das intervenções.
Tello afirma que alguns mecanismos já estão sendo desenvolvidos e testados nesse sentido. O economista avalia o resultado de projetos sociais em sua empresa, a nhk Sustentabilidade. “A dificuldade que temos é que, num processo social, os impactos esperados dependem de um longo prazo para serem observados”, afirma.
A metodologia veio da lógica da teoria da transformação. Tello esclarece que é possível medir o que é gerado em curto e médio prazo para inferir o que provavelmente ocorrerá em longo prazo. De acordo com ele, com base na avaliação de impactos objetivos e subjetivos mais imediatos, é possível ter uma expectativa ao longo do tempo.