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Em livro, ativista tenta superar equívocos acerca do conceito ‘lugar de fala’

Djamila Ribeiro defende que é preciso identificar o lugar de fala de cada grupo nas discussões contemporâneas

Djamila Ribeiro: uso do conceito 'lugar de fala' muitas vezes é equivocado
Djamila Ribeiro: uso do conceito 'lugar de fala' muitas vezes é equivocado Agência PT / CC BY 3.0 / Wikimedia: http://bit.ly/2G7op1t

O conceito lugar de fala tem sido cada vez mais usado nas discussões contemporâneas. Muito presente nas falas de integrantes de ativistas de movimentos feministas, negros e LGBT, o termo ainda é cercado de algumas polêmicas e controvérsias. A fim de elucidar algumas dessas questões, a mestre em filosofia política Djamila Ribeiro escreveu o livro O que é Lugar de Fala?, que será lançado na noite desta quarta-feira, 7, em Belo Horizonte.

“Resumidamente, [o lugar de fala implica] a gente pensar em quem pode falar numa sociedade como a nossa, que traz um histórico de opressões e desigualdades. Muitas vezes as pessoas acham que o objetivo é impedir o outro de falar ou a interdição de debate. Eu escrevi o livro justamente para tentar superar esses equívocos”, explicou Djamila Ribeiro, em entrevista ao programa Expresso 104,5, da Rádio UFMG Educativa.

Para Djamila Ribeiro, as militâncias também utilizam o termo, muitas vezes, de forma equivocada, ao afirmar que certa pessoa não tem lugar de fala para debater determinado assunto. “Todo mundo tem lugar de fala. Precisamos pensar a partir de qual lugar social cada grupo fala. Pessoas brancas podem e devem discutir racismo, mas elas vão discutir isso de um outro lugar, de quem se privilegia dele”, afirmou.

A ativista defende ainda que há uma hierarquia, muitas vezes injusta, em relação ao direito à fala e às possibilidades de existência na sociedade. “Isso ocorre sobretudo nos espaços de poder. É importante falar sobre isso para desnaturalizar isso, para as pessoas entenderem que esses privilégios foram construídos à base de opressões de outros grupos e que não são algo natural, um direito divino”, defendeu.

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