Escolhas reprodutivas das mulheres impactam dinâmica da população global
Relatório do Fundo de População das Nações Unidas mostra que taxa de fecundidade mundial caiu de 4,8 para 2,5 filhos por mulher nos últimos 50 anos
O Fundo de População das Nações Unidas acaba de publicar o relatório Situação da População Mundial: Um Trabalho Inacabado. Os indicadores mostram que o acesso à informação, a serviços e insumos, e a capacidade das mulheres de decidir se querem ter filhos, quando e com que intervalo, impactam na dinâmica populacional dos países.
Nos últimos 50 anos, por meio de programas nacionais de população, as escolhas reprodutivas tornaram-se realidade para muitas mulheres ao redor do mundo, o que, segundo o Fundo de População da ONU, pode apontar para uma nova dinâmica populacional.
Em 1969, a média de filhos por mulher em todo o mundo era de 4,8; 24% das casadas usavam algum método para retardar ou evitar a gravidez. Hoje, a média mundial de filhos por mulher caiu praticamente à metade: são 2,5. Em países menos desenvolvidos, há 50 anos as mulheres tinham 6,8 filhos e apenas 1% usavam algum método para evitar a gravidez. No Brasil, a taxa de fecundidade, que era de 5,2 filhos, em 1969, caiu para 1,7, em 2019.
O relatório da ONU ressalta a importância de garantir os direitos e as escolhas a todas as pessoas, quanto à saúde sexual e reprodutiva, com foco não apenas na contracepção, mas também na prevenção e no tratamento de infecções sexualmente transmissíveis, como o HIV. Ao mesmo tempo, o relatório mostra que muitas mulheres ainda estão longe do exercício pleno de sua liberdade e direitos reprodutivos.
O oficial de programa para População e Desenvolvimento do Fundo de População da ONU no Brasil, Vinícius Monteiro, mestre em Demografia pelo Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar) da UFMG, concedeu entrevista ao programa Conexões.