Estudante de jornalismo da UFMG vence prêmio do Instituto Vladimir Herzog
Gabriel Faleiro produziu reportagem sobre a rotina de imigrantes venezuelanos em BH
Com a reportagem Nossa vida no teu seio: o recomeço de imigrantes venezuelanos em Belo Horizonte, o estudante Gabriel Faleiro, do oitavo período do curso de jornalismo da UFMG, foi um dos vencedores do 11º Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão, organizado pelo Instituto Vladimir Herzog (IVH). A cerimônia de premiação foi realizada em São Paulo, na última quinta-feira, dia 24.
A reportagem, que foi produzida durante dois meses, é fruto de uma das três pautas escolhidas pelo IVH entre as 92 propostas inscritas por 146 estudantes de jornalismo de 21 estados e do Distrito Federal. A pauta foi desenvolvida no âmbito do projeto Rádio Terceiro Andar, sob a orientação da professora Sônia Pessoa, do Departamento de Comunicação Social da UFMG, e mentoria da jornalista Angelina Nunes, do próprio Instituto Vladimir Herzog. O concurso teve como tema A face humana dos movimentos imigratórios e de refúgio e seus reflexos na sociedade brasileira.
Gabriel Faleiro acompanhou a rotina de dois venezuelanos recém-chegados a Belo Horizonte – o engenheiro Juan Carlos Durval Rodriguez e o chefe de cozinha José Ángel – durante cerca de um mês. Ele também ouviu fontes como a professora Gisela Zapata, do Departamento de Demografia da Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG, que analisou o fluxo migratório de venezuelanos para o Brasil.
No discurso proferido durante a cerimônia, realizada no auditório Tucarena, da PUC-SP, Gabriel Faleiro agradeceu à UFMG e a todos os professores da Instituição e ressaltou a importância do prêmio em tempos em que o jornalismo e a educação estão em xeque. “Este prêmio é resistência contra a desinformação, contra os ataques a jornalistas e contra os cortes na educação”, disse Faleiro, que trabalhou como trainee da TV UFMG durante um ano e quatro meses.
Para Sônia Pessoa, que também é coordenadora do curso de Jornalismo da UFMG, a educação e o jornalismo são fundamentais para o amadurecimento da democracia. “É gratificante orientar trabalhos de jovens que conseguem associar discussões tão relevantes à produção prática, deixando-se afetar por problemas sociais que são de todos nós. Talvez esse seja um dos papéis mais importantes do ensino na universidade pública”, avaliou.
A jornalista Angelina Nunes fez um balanço da iniciativa. “O Prêmio Jovem Jornalista mostra que há uma produção forte e muito boa nas universidades”, avaliou.
Anistia e direitos humanos
A cerimônia em São Paulo também foi marcada pela entrega do Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, que chegou à sua 41ª edição como um dos mais importantes concursos da área de comunicação do Brasil. Foram entregues troféus e certificados para jornalistas que se destacaram, nos últimos 12 meses, nas categorias arte, fotografia, texto, vídeo, áudio e multimídia.
Os jornalistas Patrícia Campos Mello, da Folha de S.Paulo, Glenn Greenwald, do Intercept Brasil, e Hermínio Sacchetta (in memoriam) receberam o Prêmio Especial Vladimir Herzog 2019, que homenageia pessoas que se destacaram por relevantes serviços prestados às causas da democracia, da paz e da justiça.
Vlado e Jordão
Vladimir Herzog, ou Vlado Herzog, nasceu na antiga Iugoslávia, em 1937. Filho de judeus, emigrou com a família, durante a Segunda Guerra Mundial, para a Itália, onde viveu clandestinamente, e, posteriormente, para o Brasil. Foi diretor de jornalismo da TV Cultura de São Paulo e professor na Escola de Comunicação e Artes (ECA) da USP. Torturado e morto nas instalações do II Exército, em 25 de outubro de 1975, tornou-se um símbolo da luta contra a ditadura militar e pelos direitos humanos.
Fernando Pacheco Jordão, patrono do Prêmio Jovem Jornalista, nasceu em 1937 e trabalhou em vários veículos, como o jornal O Estado de S.Paulo, as emissoras de TV Excelsior, Globo e Cultura e o Serviço Brasileiro da BBC em Londres. Grande amigo de Vladimir Herzog, é autor de Dossiê Herzog – prisão, tortura e morte no Brasil, considerado o mais completo documento sobre a morte de Vlado. Pacheco Jordão morreu em 2017.