Pesquisa e Inovação

'No rastro de Ikú': estudo analisa genocídio negro no cinema brasileiro

Pesquisa realizada no Programa de Pós-graduação em Comunicação Social da Fafich é tema do novo episódio do ‘Aqui tem ciência’, da Rádio UFMG Educativa

Frame do filme 'M8: quando a morte socorre a vida'
Frame do filme 'M8: quando a morte socorre a vida' Foto: Divulgação M8

Rapsódia para um homem negro, de Gabriel Martins (2015), Rio das almas e negras memórias (2019), de Taize Inácia e Thaynara Rezende, Egum, de Yuri Costa (2020), e M8: quando a morte socorre a vida, de Jeferson De (2020). Os quatro filmes brasileiros, dirigidos por pessoas negras, abordam o genocídio negro e estão relacionados com propostas não lineares da percepção do tempo, do espaço e do corpo, divergentes dos padrões ocidentais. Têm em comum, ainda, a representação da morte na perspectiva do candomblé e da umbanda, religiões de origem africana.

As obras foram objeto de análise do pesquisador Josué Gomes, atualmente doutorando do Programa de Pós-graduação em Comunicação (PPGCOM) da UFMG. Ele é autor da dissertação de mestrado No rastro de Iku: uma investigação sobre as imagens da morte em narrativas fílmicas do cinema negro brasileiro. Gomes conta que Iku é uma entidade que representa a morte. “Eu chamo esse rastro para falar das imagens, da sensação de que a morte sempre está à espreita das pessoas negras, porque a partir dessa investigação eu percebo, usando o campo do candomblé, que o nosso encontro com o Iku, com a morte, é atravessado e colonizado pelo racismo”, diz. 

Uma das questões que estimularam o pesquisador a fazer a análise era entender por que pessoas negras, mesmo quando protagonistas da produção cinematográfica, também construíam narrativas que atrelavam os negros à morte – algo excessivamente explorado em produções nacionais a partir dos anos 2000, como Tropa de Elite, de José Padilha (2007). “Os filmes mostram que existe conexão entre a violência racial que sofremos hoje, por diversos agentes, com a violência que existia também na escravidão”, constata Gomes.

Saiba mais sobre a pesquisa no novo episódio do Aqui tem ciência:


O pesquisador Josué Gomes durante gravação do 'Aqui tem ciência'
O pesquisador Josué Gomes durante gravação do 'Aqui tem ciência' Foto: Alessandra Ribeiro | Rádio UFMG Educativa

Raio-x da pesquisa

Título: No rastro de Ikú: uma investigação sobre as imagens da morte em narrativas fílmicas do cinema negro brasileiro
Autor: Josué Victor dos Santos Gomes
O que é: dissertação de mestrado que apresenta a análise de quatro filmes brasileiros, dirigidos por pessoas negras, que abordam o genocídio negro e estão relacionados com propostas não lineares da percepção do tempo, do espaço e do corpo, divergentes dos padrões ocidentais. As obras Rapsódia para um homem negro (Gabriel Martins, 2015), Rio das almas e negras memórias (Taize Inácia e Thaynara Rezende, 2019), Egum (Yuri Costa, 2020) e M8: quando a morte socorre a vida (Jeferson De, 2020) representam a morte a na perspectiva do candomblé e da umbanda, religiões de origem africana.
Programa de pós-graduação: Comunicação Social
Orientadora: Maria Aparecida Moura
Ano de defesa: 2023

O episódio 192 do Aqui tem ciência tem roteiro e apresentação de Alessandra Ribeiro, produção de Julia Rhaine e trabalhos técnicos de Cláudio Zazá. O programa é uma pílula radiofônica sobre estudos realizados na UFMG e abrange todas as áreas do conhecimento. A cada semana, a equipe da emissora apresenta os resultados de uma pesquisa desenvolvida na Universidade. O programa vai ao ar na frequência 104,5 FM e na página da emissora, às segundas, às 11h, com reprises às sextas, às 20h, e pode ser ouvido também em plataformas de áudio como Spotify e Amazon Music.