Exclusão de posts de Bolsonaro mostra mudanças na moderação de conteúdo das plataformas digitais
Twitter, Facebook e Instagram excluíram publicações do presidente que contrariavam recomendações das autoridades de saúde
No dia 30 de março, o Twitter apagou duas postagens do presidente Jair Bolsonaro, relacionadas ao passeio público que ele fez no Distrito Federal, provocando aglomerações de pessoas, em meio à pandemia da Covid-19. Um dia depois, Facebook e Instagram seguiram a mesma linha.
O Twitter justificou a medida a partir da atualização de suas regras, com orientações mais específicas no contexto da atual pandemia. Dentre elas, a exclusão de tweets que neguem as recomendações das autoridades de saúde locais ou globais, para diminuir a possível exposição ao novo vírus, e que incentivem as pessoas a desrespeitarem o distanciamento social em áreas endêmicas. Já o Facebook, que também administra o Instagram, explicou que seus padrões de comunidade não permitem desinformação que possa causar danos reais às pessoas.
Para as pesquisadoras Amanda Jurno, doutora em Comunicação Social pela UFMG, e Ana Cristina Gontijo, que estuda a governança de plataformas e a moderação de conteúdo no Twitter, no mesmo programa de pós-graduação, o episódio evidencia o papel das plataformas na seleção das informações que circulam pelas redes. Seja por meio de algoritmos programados, a partir de critérios pré-definidos, ou da ação de moderadores humanos contratados pelas empresas.
"Essa virada, em termos de moderação de conteúdo, é muito emblemática. Até 2019, o conteúdo que era considerado de interesse público, por exemplo, o conteúdo postado por um chefe de Estado, era mantido no ar, ainda que fosse contra as regras e políticas de uso da empresa", afirma Ana Cristina Gontijo.