Arte e Cultura

Festival de Verão volta ao presencial com conjunto de oficinas sobre arte e cultura

Evento resgatará ações culturais realizadas na UFMG durante a ditadura militar; interessados devem chegar aos locais das atividades com 30 minutos de antecedência

Na oficina 'Memórias em público', o grupo de pesquisa Estopim debaterá o ambiente cultural brasileiro dos anos 1960 e 1970, enfocando a participação pública dos artistas das artes visuais e da música popular
'Memórias em público': debate do ambiente cultural 
Foto: Rita Lages

De volta ao formato presencial, o Festival de Verão UFMG contará com várias oficinas gratuitas. O evento ocorrerá na semana seguinte ao Carnaval, de 28 de fevereiro a 3 de março, e terá suas atividades sediadas no Centro Cultural, no Conservatório e no Museu de História Natural e Jardim Botânico da UFMG, em Belo Horizonte.

As oficinas desta edição não terão inscrição antecipada. Os interessados devem chegar aos locais de realização meia hora antes do início das atividades. As vagas serão preenchidas por ordem de chegada. A lista de oficinas disponíveis está reunida no hotsite do evento.

Quem quiser garantir sua participação nas oficinas pode realizar uma pré-reserva (até as 20h de segunda-feira, 27 de fevereiro) por meio de preenchimento de formulário. No entanto, a pré-reserva só é garantida até 30 minutos antes do início da oficina. Após esse horário, a vaga será ofertada aos demais candidatos.

'Rememorar a memória dos excluídos'
Ao adotar, na sua primeira edição pós-isolamento social, o tema Cultura, memória e democracia: ação cultural na Universidade, o 17º Festival de Verão UFMG sediará atividades direcionadas ao resgate da memória sobre a história da ação cultural na UFMG – em particular, as realizadas nas décadas de 1960, 1970 e 1980, anos de resistência à ditadura brasileira.

“Memória não é só seleção de reminiscências, mas, principalmente, negociação que concilia, ou não, o coletivo e o individual”, escrevem os curadores na descrição desta edição do evento. “Nessa trama, importa integrar nesse rememorar a memória dos excluídos, dos marginalizados e das minorias”, registram.

“O silêncio sobre o passado pode tanto levar ao esquecimento quanto à resistência aos discursos oficiais”, alertam. “Nesse caso, recuperar registros memoriais que podem nos inspirar a realizar ações no presente é um processo de retomada do que foi e continua sendo parte de nossa vida”, demarcam.

A programação do Festival de Verão UFMG é gratuita e aberta ao público amplo. Duas atividades no Centro Cultural, no entanto, vão demandar inscrição prévia: os espetáculos Macbeth 22, dirigido por Mariana Muniz, e Orixás, do grupo Giramundo. Nesse caso, os ingressos serão distribuídos pela plataforma Sympla a partir das 12h do dia 27 de fevereiro, quarta-feira.

Além das oficinas e dos espetáculos, o evento terá rodas de conversas, projeções de filmes com sessões comentadas e apresentações artísticas variadas. Esses e outros destaques da programação também podem ser acompanhados nas redes sociais do evento, como o Instagram e o Twitter.

Na oficina 'Registros Gráficos e Memória', Clébio Maduro, que foi professor de gravura na Belas Artes, coordenará a produção de projetos gráficos a partir de lembranças de objetos, cores, lugares, vivências e pessoas
Clébio Maduro: 'Registros gráficos e memória' Foto: arquivo pessoal

Oficinas da memória

As oficinas desta edição do Festival de Verão tematizam o registro e a memória por diferentes faces. Em uma atividade, por exemplo, que é ministrada por professores que investigam a relação entre a memória, a geografia e as paisagens, os participantes poderão ter uma vivência de tarde inteira na “mata do Horto”, reserva florestal que fica nos fundos do Museu de História Natural e Jardim Botânico da UFMG.

Em outra oficina, ministrada por Rosvita Kolb Bernardes, professora da Escola de Belas Artes, especializada em educação estética e artística e na abordagem (auto)biográfica, o convite é para investigar “as narrativas de si em contextos de formação e produção estético-artística”. Em uma terceira, os participantes vão construir câmeras pinhole (espécie de máquina fotográfica sem lente) para, por meio delas, aprender um pouco mais sobre os princípios fotográficos e produzir – em conjunto com as câmeras de seus celulares – retratos para o Festival.

Também haverá atividades de caráter mais acadêmico, como a oficina Acervos e memória, em que a doutora em artes pela UFMG Jussara Vitória reunirá bibliotecários, arquivistas, historiadores e demais interessados na preservação do patrimônio material para debater a “construção de valor das coleções dos acervos”, “sua sobrevivência no tempo” e “sua relação com a sociedade”. Trata-se de uma atividade que alia prática e discussão teórica.

Ministrada por Thembi Rosa, que também é doutora em artes pela UFMG, a oficina Arquivos como invenções: memória e arquivos digitais segue caminho semelhante. Nela, os participantes vão discutir os “arquivos como invenções”. “Por meio de exemplos de plataformas digitais que lidam com as memórias, com a visualização de objetos coreográficos, com as partituras on-line e com os sistemas de notações digitais, abriremos um tempo para inventarmos novos modos de atuar com os arquivos”, descreve a sinopse da atividade.

A descrição das oficinas do 17º Festival de Verão UFMG – com dias, horários, locais e currículos dos professores – pode ser consultada no site do evento.

Na oficina de Thembi Rosa, participantes vão debater o caráter de
Na oficina de Thembi Rosa, participantes vão debater o caráter de 'invenção' dos arquivos Foto: Afonso Sousa