Pesquisa e Inovação

Cobertura do futebol de mulheres na mídia alternativa reproduz lógica dos veículos tradicionais

Fenômeno se repete até nas produções feitas por mulheres, constata pesquisa que é tema de novo episódio do podcast ‘Aqui tem ciência’, da Rádio UFMG Educativa

Foto: Allan Patrick | Flickr
Formiga, um dos principais nomes do futebol de mulheres do Brasil
Foto: Allan Patrick | Flickr

Pesquisa realizada no Programa de Pós-graduação em Comunicação Social da UFMG apresenta o mapeamento de 48 mídias esportivas alternativas brasileiras dedicadas ao futebol jogado por mulheres, também produzidas por mulheres, com a análise de 1.116 notícias relacionadas ao tema publicadas em blogs. O trabalho foi realizado no âmbito do Grupo de Pesquisa em Comunicação e Culturas Esportivas, o Coletivo Marta, sob orientação da professora Ana Vimieiro. 

Na dissertação de mestrado, apresentada pela pesquisadora Flaviane Rodrigues Eugênio, ela prefere não usar o termo “futebol feminino”. “O feminino dá aquela  ideia de feminilidade, com todos os padrões impostos que estão por trás da palavra, um dos principais problemas quando pensamos o futebol de mulheres. A feminilidade atua muito sobre os estereótipos da mulher do futebol”, explica a autora.

A maioria das iniciativas mapeadas está hospedada em plataformas de redes sociais como o Instagram e o X (antigo Twitter), além dos blogs, e não conta com financiamento externo. Uma das motivações da pesquisadora para realizar o mapeamento foi a percepção de que o futebol de mulheres ainda tem pouco espaço nas mídias tradicionais. 

Os resultados da análise, baseada em conceitos como interseccionalidade e domínios de poder, mostram que mesmo as mídias alternativas comandadas por mulheres costumam reproduzir formatos adotados nos veículos de comunicação de maior alcance, sem muito espaço para a discussão sobre questões de gênero e raça que atravessam a modalidade. Quando essas questões são pautadas, normalmente são acionadas por jogadoras com grande projeção, como Cristiane, Marta e Formiga, que se despediu da seleção brasileira em 2021.

O estudo é tema do novo episódio do Aqui tem ciência, da Rádio UFMG Educativa, que neste mês de março apresenta uma série de episódios sobre pesquisas feitas por mulheres e também relacionadas a mulheres.

Ouça o programa:

Flaviane Rodrigues: feminilidade e estereótipos no futebol
Flaviane Rodrigues: feminilidade e estereótipos no futebol Foto: Bruno Pereira | Rádio UFMG Educativa

Raio-x da pesquisa

Título: As mulheres que falam do futebol de mulheres: uma análise de projetos de mídia esportiva alternativa brasileiros

O que é: Dissertação de mestrado que apresenta o mapeamento de 48 mídias esportivas alternativas brasileiras dedicadas ao futebol de mulheres, também produzidas por mulheres, com a análise de 1.116 notícias relacionadas ao tema publicadas em blogs. A análise se baseia em conceitos como interseccionalidade e domínios de poder.

Autora: Flaviane Rodrigues Eugênio  

Programa de Pós-graduação: Comunicação Social

Orientadora: Ana Vimieiro

Ano de defesa: 2023

O episódio 175 do Aqui tem ciência tem produção e apresentação de Alessandra Ribeiro e trabalhos técnicos de Cláudio Zazá. O programa é uma pílula radiofônica sobre estudos realizados na UFMG e abrange todas as áreas do conhecimento. A cada semana, a equipe da Rádio UFMG Educativa apresenta os resultados de uma pesquisa desenvolvida na Universidade.

O programa vai ao ar na frequência 104,5 FM e na página da emissora, às segundas, às 11h, com reprises às sextas, às 20h, e pode ser ouvido também em plataformas de podcast como o Spotify e a Amazon Music.