Jornalista denuncia estupro de mulheres por soldados no Haiti
Relatos de mulheres fragilizadas e crianças abandonadas estão no livro 'Aquilo que resta de nós'
Em Aquilo que resta de nós, o jornalista Igor Patrick relata o cotidiano de mulheres fragilizadas pela pobreza no Haiti. Em uma viagem que durou três semanas, ele descobriu os horrores causados pelos soldados estrangeiros que, ao invés de manter a paz e a segurança do país, usaram de seu poder para estuprar mulheres e deixar os filhos abandonados por lá.
O jornalista entrevistou Martine, Jacquendia, Régine e Fabiana, quatro mulheres subjugadas por homens da Missão de Estabilização do Haiti, que se tornaram mães e lutam para alimentar os filhos.
"O estupro se tornou recorrente no Haiti. É um crime sub-notificado, sobretudo nas missões de estabilização da ONU", lamenta Igor, que aponta a falta de ações da ONU para combater esse problema e amparar as mulheres.
"Em 2006, uma menina haitiana denunciou que tinha sido estuprada por um soldado brasileiro. Na época, a Minustah [Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti] e as autoridades negaram o acesso ao soldado para que ele fosse interrogado. O soldado voltou para o Brasil e nenhuma investigação foi instaurada", conta ele.
Confira entrevista com o jornalista veiculada no Programa Universo Literário desta sexta-feira, 27. O bate-papo teve participação de Jude Civil, estudante haitiano intercambista da UFMG e produtor da Rádio UFMG Educativa.