Saúde

Mal-estar no trabalho é tema de congresso na Faculdade de Medicina

Especialistas de várias partes do Brasil vão discutir, nesta semana, os impactos do universo laboral sobre a saúde mental

Prédio da Faculdade de Medicina, onde especialistas se reunirão no fim de semana para debater o mal-estar no trabalho
Prédio da Faculdade de Medicina, onde especialistas vão se reunir para debater o mal-estar no trabalho Lucas Braga / UFMG

A Faculdade de Medicina da UFMG realiza, em seu salão nobre, nos dias 27 e 28 de maio (sexta e sábado próximos), o Congresso Saúde Mental e Trabalho, com o tema Mal-estar no trabalho. Os profissionais de saúde, trabalhadores, representantes sindicais ou demais interessados podem se inscrever, até amanhã, 26 de abril, no site da Fundep e escolher a forma de participação, on-line ou presencial.

De acordo com o professor Tarcísio Pinheiro, do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Instituição e membro da comissão organizadora do evento, saúde mental e trabalho mantêm uma relação de mão dupla, o que resulta em impactos positivos e negativos. “Normalmente, entende-se o trabalho como fator positivo no sentido de organização da nossa vida, de crescimento e da nossa existência. Mas o trabalho também pode ser um fator de impactos negativos, o que chamamos de mal-estar”, afirma.

De acordo com ele, a atual conjuntura, caracterizada por elevados índices de desemprego e mudanças na organização do trabalho e reformas que afetam direitos, como as previdenciária e trabalhista, exige atenção redobrada em relação aos impactos negativos. “Quando observamos as estatísticas geradas pela Previdência Social, por exemplo, assistimos a um crescimento espantoso dos casos de adoecimento mental". afirma Pinheiro.

Assédio e suicídio
O adoecimento mental é uma das principais preocupações relativas ao mundo do trabalho, pois causa impacto na assistência oferecida pelo SUS e nos custos da Previdência Social e das próprias empresas, às voltas com afastamentos e com o comprometimento de sua força de trabalho.

“Em particular, dois aspectos têm chamado muita atenção: o assédio moral e o suicídio no ambiente do trabalho. O congresso abrigará uma abordagem geral da saúde e o sofrimento no trabalho, com ênfase nessas duas questões que são importantes no mundo inteiro”, conta Tarcísio Pinheiro.

Segundo ele, a produção acadêmica e científica sobre essa temática tem crescido nos últimos tempos. “Uma série de eventos vem sendo organizada em Belo Horizonte e em outras partes do Brasil para discutir o assunto. É uma questão que vem sendo debatida no Observatório da Saúde do Trabalhador (Osat) e em colóquios que reúnem psicólogos e psiquiatras", informa Pinheiro, lembrando que o sofrimento mental também tem sido observado nos espaços de formação e nos cursos de graduação, inclusive de medicina e na residência médica.

O também professor do Departamento e coordenador do evento, Helian Nunes, ressalta, ainda, que o evento reunirá profissionais de diversos locais do Brasil que acumulam diferentes experiências em pesquisas acadêmicas e de ensino no assunto. Violência, relações hierárquicas e a desidentificação do sujeito com o trabalho serão abordadas. Ao final do congresso, serão propostos modelos de intervenção para orientar as organizações a mitigar os impactos das mudanças e do mal-estar em seus ambientes.

Confira a programação do Congresso.

Com Assessoria de Comunicação da Faculdade de Medicina