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Marcela Dantés é finalista dos prêmios Jabuti e São Paulo de Literatura com primeiro romance

‘Nem sinal de asas’ se baseia em caso real de mulher que morreu e só teve o corpo encontrado anos depois

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A protagonista do livro, Anja Santiago, é uma personagem ficcional inspirada em Maria del Rosario e busca desvendar os motivos que levaram ao seu apagamento.
Divulgação/Editora Patuá

Os finalistas do prêmio Jabuti 2021, o mais importante da literatura nacional, já foram anunciados. A cerimônia será realizada no dia 25 e conta com 5 indicados para cada uma das 20 categorias. A mineira Marcela Dantés concorre na categoria de Romance Literário com a obra Nem sinal de asas, lançada no ano passado.

Este é o segundo livro e primeiro romance da autora. A história é baseada em um caso real, noticiado na cidade de Culleredo, na Espanha, em 2017, quando o corpo de uma mulher, Maria del Rosario Otero Vieites, foi encontrado mumificado, no chão de seu apartamento. Pelo estado do cadáver, foi avaliado que a morte dela teria ocorrido de quatro a cinco anos antes.

Impactada pela notícia, Dantés se dedicou a explorar, por meio da ficção, a vida dessa mulher misteriosa e os motivos que levaram ao seu apagamento. Nesta segunda-feira, 22, a autora participou do programa Universo Literário, apresentado por Michelle Bruck, e deu mais detalhes sobre o livro, além de falar da expectativa de estar na final dos prêmios São Paulo de Literatura e Jabuti. 

Marcela Dantés também é autora da coletânea de contos 'Sobre pessoas normais', publicada em 2016 e semifinalista ao Prêmio Oceanos de 2017.
Marcela Dantés também é autora da coletânea de contos 'Sobre pessoas normais', publicada em 2016 e semifinalista do Prêmio Oceanos de 2017. Divulgação/Editora Patuá

"Eu me lembro de ter lido a notícia, em 2017, e eu fiquei completamente obcecada e impressionada com o tamanho da solidão dessa pessoa. [...] O próximo passo foi conversar com a Silvia Pontevedra, que foi a jornalista que contou essa história. Eu mandei um e-mail para ela, contando sobre o meu interesse em transformar essa história em um romance e ela foi super receptiva. [A Silvia] voltou à cidade para conversar com os vizinhos, coletar mais informações, compartilhar fotos comigo e me ajudou a desembolar [o que aconteceu]. A partir dessas informações, foi possível conduzir a construção do livro", explicou a autora.

A convidada, que formou-se em Comunicação pela UFMG e trabalhou como redatora publicitária, revelou que o processo de escrita durou quatro anos por ser uma história muito densa, o que exigiu algumas pausas. A escritora também compartilhou como foi o processo de construção de Anja, mulher negra filha de mãe branca que sofreu rejeições e violências ao longo de toda a vida as quais a levaram a uma grande solidão. Sendo uma mulher branca, Dantés contou com a ajuda de pessoas negras para abordar a questão do racismo. A entrevistada também destacou que a última revisão do livro foi feita já durante a pandemia da covid-19. Viver em isolamento foi fundamental para ela adicionar detalhes à experiência da protagonista, que também vivia confinada em sua morada.

Ouça a entrevista completa no SoundCloud.

Nem sinal de asas é publicado pela Editora Patuá e pode ser encontrado em livrarias físicas e virtuais, assim como no site da editora

A 63ª edição do Prêmio Jabuti vai ser realizada na próxima quinta-feira, 25, às 19h, e será transmitida on-line pelo canal da Câmara Brasileira do Livro no YouTube. Você encontra mais informações e a lista completa de finalistas no site da premiação.

Produção: Alexandre Miranda e Nicolle Teixeira, sob orientação de Alessandra Dantas e Luíza Glória
Publicação: Carlos Ortega, sob orientação de Alessandra Dantas